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A Doutrina de Deus
A Doutrina de Deus

Introdução  

Embora o cristão baseie seu conhecimento de Deus principalmente nas Escrituras Sagradas e na revelação de Deus através de Seu Filho Jesus Cristo, ele também acolhe com agrado a evidência comprobatória do Universo e da natureza. Qualquer tentativa de estudar Deus e a verdade Divina irá necessariamente tomar alguma forma, caso deva ser compreendida.
O estudo de Deus é da máxima importância, pois Ele é o bem maior do ser humano; Ele é a fonte da vida: "Porque, como alguém disse: nEle vivemos, nos movemos e existimos. E alguns dos poetas de vocês disseram: nós também somos filhos dEle" (At 17.28). O apóstolo Paulo, em seu sermão aos atenienses, afirmou: "De um só homem Ele criou todas as raças humanas para viverem na terra. Antes de criar os povos, Deus marcou para eles os lugares onde iriam morar e quanto tempo ficariam lá. Ele fez isso para que todos pudessem procurá-Lo e talvez encontrá-Lo, embora Ele não esteja longe de cada um de nós." (At 17.26,27). João Calvino disse: "Quase toda sabedoria que possuímos, ou seja, a sabedoria verdadeira e sadia, consiste em duas partes: o conhecimento de Deus e de nós mesmos." É muito duvidoso que possamos conhecer realmente a nós mesmos e ao nosso propósito na vida sem algum grau de conhecimento de Deus e da Sua vontade.

 

1. A POSSIBILIDADE DE CONHECER DEUS

1.1. Incompreensível  

Deus é o infinito. Num certo sentido Ele é incompreensível; como podem seres finitos compreender o Deus infinito? Zofar, no livro de Jó, disse: "Você pensa que pode descobrir os segredos de Deus e conhecer completamente o Todo-Poderoso?" (Jó 11.7). Zofar não era um profeta inspirado, já que parte de seu raciocínio foi comprovada como sendo falsa; mas as suas palavras ressoam através de Paulo aos Romanos: "Como são grandes as riquezas de Deus! Como são profundos o Seu conhecimento e a Sua sabedoria! Quem pode explicar as Suas decisões? Quem pode entender os Seus planos?" (Rm 11.33). Não podemos obviamente compreender a plenitude da natureza de Deus, nem ter uma idéia completa de todos os Seus planos e desígnos.

1.2. Porém passível de conhecimento  

Por outro lado, a Escritura afirma que se pode conhecer a Deus. O escritor aos Hebreus diz: "Antigamente, por meio dos profetas, Deus falou muitas vezes e de muitas maneiras aos nossos antepassados, mas nestes últimos tempos Ele nos falou por meio do Seu Filho. Foi Ele quem Deus escolheu para possuir todas as coisas e foi por meio d`Ele que Deus criou o Universo. O Filho brilha com o brilho da glória de Deus e é a perfeita semelhança do próprio Deus. Ele sustenta o Universo com a Sua palavra poderosa. E, depois de ter purificado os seres humanos dos seus pecados, sentou-Se no céu, do lado direito de Deus, o Todo-Poderoso" (Hb 1.1-3). O apóstolo João declara: "Ninguém nunca viu Deus. Somente o Filho único, que é Deus e está ao lado do Pai, foi quem nos mostrou quem é Deus" (Jo 1.18). Embora o ser humano, sem ajuda, não possa vir a conhecer o Deus infinito, fica claro que Deus Se revelou e pode ser conhecido até o ponto em que chega a sua auto-revelação. Com efeito, é essencial que o ser humano conheça a Deus a fim de experimentar a redenção e ter a vida eterna: "E a vida eterna é esta: que eles conheçam a Ti, que és o único Deus verdadeiro; e conheçam também Jesus Cristo, que enviaste ao mundo" (Jo 17.3). Durante esta vida podemos e devemos conhecer Deus até o ponto necessário para a salvação, confraternização, serviço e maturidade, mas na glória do céu passaremos a conhecer Deus mais plenamente: "O que agora vemos é como uma imagem imperfeita num espelho embaçado, mas depois veremos face a face. Agora o meu conhecimento é imperfeito, mas depois conhecerei perfeitamente, assim como sou conhecido por Deus" (1 Co 13.12).

 

2. A EXISTÊNCIA DE DEUS

2.1. Valor do argumento da existência de Deus  

Algumas pessoas, com boa razão, questionarão o valor dos argumentos sobre a existência de Deus. A Bíblia em ponto algum argumenta a esse respeito; em todas partes as Escrituras assumem sua existência como um fato aceito. O primeiro versículo das Sagradas Escrituras afirma: "No começo Deus criou os céus e a terra" (Gn 1.1). O salmista proclama mais adiante: "Os tolos pensam assim: Para mim, Deus não tem importância" (Sl 14.1a). O cristão e todos os adoradores de Deus aceitaram a existência de Deus como um ato de fé. Alguns teólogos, tais como Soren Kierkegaard e Karl Barth, rejeitaram toda teologia geral ou natural e afirmaram que Deus só pode ser conhecido por um ato de fé. Todavia, a fé possuída pelo crente não é cega nem irracional. A fé é um dom de Deus "Portanto, a fé vem por ouvir a mensagem, e a mensagem vem por meio da pregação a respeito de Cristo" (Rm 10.17); todavia, ela é sustentada por evidências claras para a mente imparcial. O salmista diz, como consolo para os crentes: "O céu anuncia a glória de Deus e nos mostra aquilo que as Suas mãos fizeram" (Sl 19.1). Paulo destaca em Romanos, mesmo aqueles que não têm uma revelação da Escritura não possuem uma justificativa para a sua incredulidade: "Deus castiga essas pessoas porque o que se pode conhecer a respeito de Deus está bem claro para elas, pois foi o próprio Deus que lhes mostrou isso. Desde que Deus criou o mundo, as Suas qualidades invisíveis, isto é, o Seu poder eterno e a Sua natureza Divina, têm sido vistas claramente. Os seres humanos podem ver tudo isso nas coisas que Deus tem feito e, portanto, eles não têm desculpa nenhuma. Eles sabem quem Deus é, mas não Lhe dão a glória que Ele merece e não Lhe são agradecidos. Pelo contrário, os seus pensamentos se tornaram tolos, e a sua mente vazia está coberta de escuridão" (Rm 1.19-21). 
Assim, podemos ver que a Bíblia sustenta a validade de uma teologia natural. Devemos lembrar, no entanto, que, apesar de uma teologia natural poder indicar um criador poderoso, sábio e benévolo, nada diz para resolver os problemas do pecado do ser humano, sua dor, seu sofrimento e sua necessidade de redenção. Além disso, é importante lembrar que os argumentos da existência de Deus, tais como os fornecidos por uma teologia natural, não constituem uma demonstração absoluta. Os seres finitos não podem demonstrar a existência de uma Deus infinito.
Os argumentos sobre a existência de Deus que se seguem não são um substituto para a revelação de Deus nas Escrituras, nem podem levar a uma fé salvadora. Eles são um consolo para o crente e podem servir ao pregador do evangelho para despertar os ouvintes e obter uma audiência atenta. Só o Espírito Santo suprirá a verdadeira fé em Deus.

 2.2. Argumentos sobre a existência de Deus

 

2.2.1. O argumento da razão  

A primeira fase deste argumento é o de "causa e efeito". Ao nosso redor existem efeitos tais como matéria e movimento. Há três alternativas para a sua explicação: 1) eles existem eternamente, 2) surgiram do nada ou 3) foram causados. Vamos examinar essas alternativas em ordem. Primeiro, não é provável que o universo tenha existido eternamente, pois toda evidência indica um universo que está se desgastando. De acordo com a segunda lei da termodinâmica, o sol e as estrelas estão perdendo energia em considerável proporção. Se tivessem existido desde a eternidade, já estariam esgotados. Os materiais radioativos estão perdendo a sua radiação. Os estudos espectrográficos das estrelas mostram que todos os corpos estão viajando para fora a partir do centro, indicando um começo. Segundo, dizer que a matéria e o movimento emergiram do nada é uma contradição: "Do nada, nada surge." Terceiro, a explicação mais razoável é que a matéria e o movimento foram criados num ponto do tempo. Atualmente, a maioria dos cientistas data o universo de maneira variada, entre cinco e vinte bilhões de anos de antigüidade. Alguns propõem uma série de emergências ou um criador impessoal, mas, considerando a existência de inteligências e a grande complexidade da criação, é mais provável que o universo seja obra de um Criador inteligente, como exposto na Bíblia. Não é provável que uma fonte suba mais alto que seu manancial, ou que seres racionais surjam de uma fonte irracional.
Outra fase do argumento a partir da razão é que o ser humano possui um conhecimento inato de Deus. Isto se evidencia pela crença universal num ser supremo de algum tipo. É difícil encontrar uma tribo que não acredite num ser ou força superior. "O ser humano é incuravelmente religioso." Isto não significa que todos os seres humanos tenham uma crença completamente firmada em Deus, mas parece indicar que a crença religiosa e a tendência para adorar uma divindade são naturais ao ser humano. Até mesmo o ateu, que nega a existência de Deus, demonstra que é confrontado com a idéia de Deus e deve de algum modo dispor do conceito.

2.2.2. O argumento da natureza  

Encontramos um propósito designado para quase tudo na natureza. O universo em toda parte manifesta um movimento preciso e ordenado. Todas as coisas parecem fazer parte do equilíbrio da natureza. A terra está inclinada em um eixo em relação ao sol, estabelecendo assim as estações e a melhor distribuição de luz e calor durante o ano. A terra fica a uma distância ideal do sol, a fim de evitar o calor escaldante e o frio extremo. A composição química da atmosfera se acha num equilíbrio ideal para a vida animal e vegetal. A proporção de terra fornece a chuva e a umidade adequadas. Ventos e correntes marítimas suprem ar condicionado e linhas costeiras aquecidas. Bênçãos como os sons musicais para os ouvidos e a beleza da cor mostram um projeto que vai além da simples utilidade, e falam de um Criador que planejou ouvidos e olhos como receptores. Será então que seres inteligentes podem crer que uma força ou processo impessoal trouxe à existência este maravilhoso universo?
Uma ilustração cabe bem neste ponto. Uma das substâncias mais comuns é a água. A maior parte das outras substâncias torna-se mais densa quando baixa a temperatura. A água, felizmente, se expande e se torna menos densa quando congelada. No forma de gelo, a água flutua por sobre a superfície de lagos, rios e mares. Se a água, quando em seu estado sólido, se tornasse mais densa e afundasse, muitos rios, lagos e mares jamais se descongelariam, e grande parte da terra se tornaria glacial e inabitável. Foi um sábio Criador que deu à água suas características diferentes?

2.2.3. O argumento da história  

Se apóia sobre o alicerce da divina providência. Os estudantes de história, a não ser que sejam parciais, irão descobrir a obra da divina providência. Isto não significa que um propósito sábio é visível em todos os eventos. Deve-se ter em conta que o ser humano é rebelde e, até certo ponto, um agente moral livre. Deus não causa evento individual, mas está no controle do fluir dos eventos, executando Seus propósitos. Ele cumpre Suas profecias inspiradas que se acham registradas na Sua Palavra. Se alguém estudar a Bíblia junto com a história, irá perceber um modelo Divino enfocando Jesus Cristo, i Filho de Deus. Este enfoque não é apenas sobre a vida terrena de Jesus. O propósito de Deus em Cristo é visto na história de Israel e na sua esperança de um redentor. 
A originalidade de Cristo foi bem expressa por Napoleão em uma carta ao general Bertrand: "Efeitos divinos me obrigam a crer numa causa divina. É verdade, existe uma causa das causas... Existe um ser infinito, comparado com o qual você, general, não passa de um átomo; comparando com o qual eu, Napoleão, com todo o meu gênio, nada sou realmente; puramente nada. Eu o percebo - Deus. Eu o vejo, tenho necessidade dele, creio nele. Se não crê nele, pior para você. Mas você, general, crerá um dia em Deus. Posso perdoar muitas coisas, mas sinto horror diante de alguém ateu e materialista... Os deuses, os legisladores da Índia e da China, de Roma e de Atenas, nada possuem que possa espantar-me sobremaneira... Mas isso não acontece com Cristo. Tudo nele me assombra. Seu espírito me faz ficar maravilhado e sua vontade me confunde. Não existe termo de comparação entre Ele e qualquer outra pessoa no mundo. Ele, em si mesmo, é verdadeiro. Suas idéias e seus sentimentos, as verdades que anuncia, sua maneira de convencer não são explicadas por organização humana, nem pela natureza das coisas. Seu nascimento e a história da sua vida; a profundidade da sua doutrina, que luta com as maiores dificuldades, a mais admirável solução; seu evangelho... sua marcha através das idades e dos reinos, tudo para mim é um prodígio, um mistério insolúvel, que me faz mergulhar num devaneio do qual não posso escapar, diante de meus olhos está um mistério, o qual não posso negar nem explicar... Procuro encontrar em vão na história alguém igual a Jesus Cristo."

2.2.4. O argumento da alma e do espírito humano  

Tem duas partes: 1) a imagem de Deus no ser humano; 2) a natureza moral do ser humano. A Palavra de Deus declara que o ser humano foi criado parecido com Deus. "Aí Deus disse: Agora vamos fazer os seres humanos, que serão como nós, que se parecerão conosco. Eles terão poder sobre os peixes, sobre as aves, sobre os animais domésticos e selvagens e sobre os animais que se arrastam pelo chão. Assim Deus criou os seres humanos; Deus os criou parecidos com Ele. Ele os criou homem e mulher" (Gn 1.26-27). 
Não devemos buscar a imagem de Deus no ser humano físico, pois Deus é Espírito "Deus é Espírito, e por isso os que O adoram devem adorá-Lo em espírito e em verdade" (Jo 4.24). Em lugar disso, devemos procurar a imagem de Deus no ser humano espiritual: "e se vestiram com uma nova natureza. Essa natureza é a nova pessoa que Deus, o seu Criador, está sempre renovando para que ela se torne parecida com Ele, a fim de fazer com que vocês O conheçam completamente" (Cl 3.10). A imagem de Deus no ser humano é vista no fato de Ele ter domínio sobre as criaturas e especialmente em sua capacidade de comunhão com Deus. A outra marca da imagem divina é vista na natureza moral do ser humano, seu senso de dever e responsabilidade, e na posse de uma consciência: "Eles mostram, pela sua maneira de agir, que têm a lei escrita no seu sentimento. A própria consciência deles mostra que isso é verdade, e os seus pensamentos, que às vezes os acusam e às vezes os defendem, também mostram isso" (Rm 2.15).
Um Deus pessoal nos faz responsáveis por nossa conduta e atitude. Devemos render-nos à vontade d`Ele ou viver com a consciência pesada. É possível cauterizar a consciência ou silenciá-la, enganando-nos a nós mesmos. Mas, desse modo, o indivíduo irá então invariavelmente criar seu próprio sistema de valores. A experiência mostrou que o sistema bíblico de ética, afinal de contas, é o mais adequado à natureza moral do ser humano, criado por Deus.

2.2.5. O argumento da Escritura  

Se apóia sobre suas declarações e sua exatidão. A Bíblia afirma ser a Palavra inspirada de Deus "Pois toda a Escritura Sagrada é inspirada por Deus e é útil para ensinar a verdade, condenar o erro, corrigir as faltas e ensinar a maneira certa de viver" (2 Tm 3.16-17). Nenhum livro na terra foi tão amplamente aceito como uma mensagem de Deus. Seus oponentes e os céticos lançaram todo tipo de ataque concebível contra ele, mas sua popularidade permanece. Sua exatidão tem sido repetidamente impugnada, mas a pá dos arqueólogos confirma a cada instante a exatidão de alguma passagem posta em dúvida. Nenhum outro livro se compara com a Bíblia no que diz respeito aos seus ensinos morais e espirituais; escrita há centenas de anos, ela é mais moderna que os jornais de hoje. Nunca deixa de falar com poder, sanando os problemas mais profundos da alma e do espírito humano.

 

3. A NATUREZA DE DEUS 

O estudo da natureza de Deus deve ser abordado com humildade e reverência. Quem pode definir a natureza do Deus infinito? "Como são grandes as riquezas de Deus! Como são profundos o Seu conhecimento e a Sua sabedoria! Quem pode explicar as Suas decisões? Quem pode entender os Seus planos?" (Rm 11.33). Deus nos revelou o necessário de Sua natureza para podermos servi-Lo e adorá-Lo. É especialmente importante entender a natureza de Deus, como revelada na Bíblia, pois inúmeros conceitos de divindade são sustentados por aqueles que rejeitam o Deus das Escrituras. A Bíblia não nos dá uma definição única de Deus; se "Mas será que, de fato, ó Deus, Tu podes morar no meio de nós, criaturas humanas, aqui na terra? Tu és tão grande, que não cabes nem mesmo no céu; como poderia este Templo que eu construí ser bastante grande para isso?" (1 Rs 8.27), como pode uma frase ou parágrafo de palavras humanas definir o seu Ser? 
Várias declarações sobre Deus na Escritura definem diversos aspectos de Sua natureza, tais como: "Deus é Espírito" (Jo 4.24), "Deus é luz" (1 Jo 1.5), "Deus é amor" (1 Jo 4.8) e "Deus é fogo destruidor" (Hb 12.29).

 3.1. Deus é Espírito

 

3.1.1. Declaração bíblica positiva  

A declaração de que Deus é Espírito significa que Ele não pode ficar limitado a um corpo físico, nem às dimenções de espaço e tempo. Ele é um Deus invisível e eterno: "Ninguém nunca viu Deus. Somente o Filho único, que é Deus e está ao lado do Pai, foi quem nos mostrou quem é Deus." (Jo 1.18). Jesus afirmou que o ser humano deve "nascer do Espírito" a fim de entrar no Reino de Deus, para que possa ter comunhão com Deus, que é Espírito "Jesus disse: Eu afirmo ao senhor que isto é verdade: ninguém pode entrar no Reino de Deus se não nascer da água e do Espírito" (Jo 3.5).

3.1.2. Declaração negativa - não corpóreo, não localizado  

Dois problemas surgem com respeito a esta afirmação de que Deus é Espírito. Primeiro, algumas passagens bíblicas representam Deus como tendo olhos, ouvidos, etc. Essas figuras de linguagem são chamadas de antropomorfismo (que significa semelhante ao ser humano). Por viver num mundo material, fica difícil para o ser humano imaginar Deus percebendo ou atuando sem membros humanos; portanto, as Escrituras, condescendendo com a nossa limitação, atribuem a Deus (em sentido figurado) "ouvidos" para ouvir nosso grito, ou "braço" para ajudar-nos. Falando através do profeta Isaías, e pensando na nossa limitação humana, Deus disse: "Com quem vocês vão comparar o Santo Deus? Quem é igual a Ele? Olhem para o céu e vejam as estrelas. Quem foi que as criou? Foi aQuele que as faz sair em ordem como um exército; Ele sabe quantas são e chama cada uma pelo seu nome. A Sua força e o Seu poder são tão grandes, que nenhuma delas deixa de responder. Povo de Israel, por que você se queixa, dizendo: O SENHOR não Se importa conosco, o nosso Deus não se interessa pela nossa situação? Será que vocês não sabem? Será que nunca ouviram falar disso? O SENHOR é o Deus Eterno, Ele criou o mundo inteiro. Ele não Se cansa, não fica fatigado; ninguém pode medir a Sua sabedoria" (Is 40.25-28). 
O Espírito Eterno não precisa de olhos para ver a nossa necessidade, nem Se fatiga em Sua atividade redentora.
O segundo problema com a representação da espiritualidade de Deus é que Ele é algumas vezes representado como aparecendo em forma humana (veja Gn 17,18,19; Js 5.13-15). Embora Deus seja em essência Espírito, Ele, que fez todos os seres e coisas, pode, para seus sábios fins, assumir forma adequada a Seus propósitos. Existem vários casos em que Deus apareceu visivelmente. Por exemplo, para Abraão, a fim de assegurar-lhe o filho prometido, através de cujos descendentes todas as nações seriam abençoadas. Essas aparições são chamadas de teofanias. Elas, porém, não contradizem a natureza espiritual de Deus. Como é maravilhoso que o Deus Filho tenha tomado a forma humana a fim de tornar-Se nosso Redentor, Sumo Sacerdote e Rei Eterno! "Filipe disse a Jesus: Senhor, mostre-nos o Pai, e assim não precisaremos de mais nada. Jesus respondeu: Faz tanto tempo que estou com vocês, Filipe, e você ainda não Me conhece? Quem Me vê, vê também o Pai. Por que é que você diz: Mostre-nos o Pai?" (Jo 14.8-9).

3.2. Deus é perfeito  

Jesus disse aos Seus discípulos: "Portanto, sejam perfeitos em amor, assim como é perfeito o Pai de vocês, que está no céu" (Mt 5.48). É quase impossível pensar no Criador, que é ao mesmo tempo Justo e Amoroso, Santo e Misericordioso, Juiz Eterno e Pai do Senhor Jesus Cristo, como sendo outra coisa além de perfeito. As Escrituras afirmam isto, declarando-O comoperfeito. As perfeições de Deus serão tratadas mais detalhadamente quando estudarmos os Seus atributos.

3.3. Deus é pessoal  

Um ser pessoal é alguém que tem consciência de si mesmo, que possui intelecto, sentimentos e vontade. Nos dias de hoje, alguns superficialmente crêem num deus impessoal, algo como um princípio de vida que pode ser chamado de "Natureza". Tal deus nem responde às orações, nem se desagrada com os altos indignos: ele é apenas o próprio universo, inclusive as suas leis. Um "deus" assim impessoal não pode confrontar nosso egoísmo, mas também não nos pode ajudar quando nossos problemas são maiores do que podemos resolver sozinhos. O Deus das Sagradas Escrituras é um Deus pessoal, transcendente, que Se mantém à parte do universo como seu Criador; mas, ao mesmo tempo, é um Deus imanente que habita dentro da sua criação, preservando-a e cuidando dela como um Pai Celestial.
A personalidade de Deus é revelada em Seu trato com Moisés, quando declarou o Seu nome: "Deus disse: EU SOU QUEM SOU. E disse ainda: Você dirá o seguinte: Eu Sou me enviou a vocês" (Êx 3.14). Como uma Pessoa, Deus é revelado aqui com um nome Pessoal; Ele fala e entra em aliança como um Ser inteligente; Ele responde às perguntas de Moisés como quem responde à ansiedade humana, e participa da sua inquietude. Escolhe um homem para executar Sua vontade de dirigir o povo de Israel como uma nação testemunha entre as nações. Ele declara ter ouvido os gemidos de seu povo no Egito, cuja angústia lhe importava. Este é um Deus Pessoal e não um simples espírito impessoal do universo.
No Novo Testamento, o Filho de Deus (que era uma Pessoa), disse: "Assim como o Pai é a fonte da vida, assim também fez o Filho ser a fonte da vida" (Jo 5.26). Disto se deduz que o Pai é o mesmo tipo de Pessoa que o Filho ao qual deu a Sua vida. Desde que o ser humano como criatura de Deus tem intelecto, emoções e vontade, ele é capaz de contemplar inteligentemente a Deus e a Seu Universo como pessoa racional; porém isto não o torna superior a Deus em capacidades. Deus possui uma personalidade Divina muito superior a Suas criaturas, porém, fez o ser humano para ter comunhão com Ele e para adorá-Lo, certamente deve ter-lhe concedido características semelhantes às de Sua natureza.
O evangelho da Bíblia é a mensagem de Deus para o pecador que desobedeceu a um Deus Pessoal, a quem ofendeu com sua rebelião. Este pecador carrega um peso de culpa que somente uma nova relação com Deus, tornada possível pela obra redentora do Filho de Deus, irá aliviar: "Agora já não existe nenhuma condenação para as pessoas que estão unidas com Jesus Cristo" (Rm 8.1). O amor não pode ser gerado por um princípio impessoal, pois é uma característica pessoal.

3.4. Deus é único  

A Lei de Deus, dada a Moisés no Monte Sinai, começa com a declaração: "Escute, povo de Israel! O SENHOR, e somente o SENHOR, é o nosso Deus" (Dt 6.4). Nada é mais condenado na Escritura do que a adoração de outros deuses: "Não adorem outros deuses, os deuses dos povos vizinhos" (Dt 6.14). As nações adoravam muitos deuses que correspondiam às forças da natureza, deuses criados pela sua própria imaginação, representados por imagens e ídolos. Essas nações idólatras eram um espinho permanente nos pés de Israel. A queda de Israel resultou de seu namoro constante com essas deidades da natureza. Quando Acabe, rei de Israel, abriu as portas para a adoração de Baal, um deus falso, Elias desafiou os sacerdotes de Baal para competir com o Deus Vivo (1 Rs 18.21-40). Era importante para Elias deter a tendência catastrófica para o politeísmo. A Bíblia faz, portanto, um chamado inflexível para a adoração de um Deus verdadeiro. O profeta Isaías fez soar o mesmo chamado de trombetas: "O SENHOR, o Rei e Salvador de Israel, o Deus Todo-Poderoso, diz: Eu Sou o primeiro e o último, além de mim não há outro deus" (Is 44.6). Proclamando a mesma grande verdade, o Senhor Jesus ourou ao Pai: "E a vida eterna é esta: que eles conheçam a Ti, que és o único Deus verdadeiro; e conheçam também Jesus Cristo, que enviaste ao mundo" (Jo 17.3). O apóstolo Paulo ficou feliz com a atitude dos tessalonicenses: "Todas as pessoas desses lugares falam da nossa visita a vocês e contam como vocês nos receberam bem e como vocês deixaram os ídolos para seguir e servir ao Deus vivo e verdadeiro" (1 Ts 1.9). 
Costumava-se ensinar amplamente que a religião evoluiu de um animismo e politeísmo (muitos deuses) naturais para o monoteísmo (um Deus). Evidências arqueológicas mais recentes, juntamente com a descoberta de missionários modernos, indicam que o ser humano era originalmente monoteísta (desde a revelação de Si mesmo feita por Deus aos primeiros pais) e que as religiões das nações se corromperam cada vez mais com o passar do tempo.

3.5. Teorias erradas sobre Deus  

O ensino bíblico sobre Deus é que Ele é o Criador Onipotente e Onisciente de todas as coisas, é justo e santo e ao mesmo tempo amoroso e misericordioso. Ele é transcendente (acima e distinto da criação), enquanto, ao mesmo tempo, é imanente (reside e está envolvido na Sua criação). É um Deus Pessoal que busca comunhão com Seu povo remido; castiga a rebelião absoluta com a morte eterna; recompensa a fé e a obediência com a vida eterna atráves de Seu Filho Jesus Cristo. Ele é o Ser Supremo, e é também o Pai Celestial. Ele chamou à existência o Universo incomensurável, todavia nota a queda do pardal e ouve o choro mais leve. Ele fez as galáxias, mas Se rebaixou à manjedoura de Belém através do Seu Filho Jesus. Trememos diante da Sua majestade, mas buscamos consolo em Seu amor incondicional. Ele habita além da mais remota galáxia, porém não está mais distante de nós do que o alcance da fé. Este é o Deus dos cristãos. Existem, entretanto, vários pontos de vista sustentados por aqueles que ignoram a doutrina escriturística de Deus.

3.5.1. Ateísmo  

O ateu nega a existência de qualquer divindade. Ele acredita que o Universo surgiu por acaso, ou que senpre existiu, sustentado por leis inerentes e impessoais. Mas é razoável o ser humano terreno que nega a existência de um criador para um universo cuja vasta expansão não pode explorar mais que uma toupeira pode explorar a Catedral de São Paulo? Existem dois tipos de ateu: 1) o ateu filosófico que nega a existência de Deus, e 2) o ateu prático que vive como se Deus não existisse.

3.5.2. Agnosticismo  

O agnóstico não nega a existência de Deus; ele nega a possibilidade do conhecimento de Deus. O Prof. Huxley, que inventou a palavra agnóstico, extraiu o termo do altar grego em Atenas mencionado por Paulo em Atos 17.23, que tinha a inscrição Agnosto Theo (o deus desconhecido). Mas o Prof. Huxley interpretou mal a intenção da inscrição; "o deus desconhecido" ateniense era o Deus Verdadeiro, superior a todas as divindades menores. Essas deidades não passavam realmente de heróis humanos dos primórdios da história, os quais os gregos elevaram à posição de deuses. Sócrates e Platão alcançaram algum conhecimento da existência de um Ser Supremo, mas não souberam como chamá-Lo. O agnosticismo é popular hoje; é um refúgio cômodo para os que se julgam intelectuais, mas não desejam tomar uma posição de fé em relação ao Deus das Escrituras. Aquele que busca a Deus com sinceridade e humildade irá mais cedo ou mais tarde encontrá-Lo, pois Ele não está longe de nenhum de nós.

3.5.3. Materialismo  

O materialismo nega a existência do espírito e/ou de seres espirituais. Para ele, toda realidade é simplesmente matéria em movimento. A alma humana não passa de função do cérebro físico desenvolvido no decorrer de bilhões de anos pela evolução gradual. Não existe vida pós-morte (vida eterna); o "céu" e o "inferno" são apenas estados terrenos de prazer ou sofrimento, sucesso ou fracasso. Se o materialista for coerente, ele não tem uma base real para a moralidade; fazer o bem é apenas fazer aquilo que proporciona maior prazer para o maior número de pessoas. Não existe, no entanto, razão para que ele sinta obrigação profunda em mostrar correção moral, a não ser pela perda de auto-estima. Segundo o materialista, não existe juízo superior ao nível humano; o pecado é apenas imperfeição.

3.5.4. Panteísmo  

Esta é a religião do hinduísmo. Deus é simplesmente natureza, a soma toral do sistema universal. O termo vem de theos, significando "deus", e pan, significando "tudo". Os filósofos Spinoza e Hegel foram os panteístas europeus mais conhecidos. Alguns teólogos liberais "cristãos" proeminentes de hoje são na realidade panteístas, e estão entre os que não crêem num Deus Pessoal e transcendente. A aceitação das religiões orientais por parte de muitos reavivou o panteísmo no continente americano. A Bíblia não dá espaço para esta religião antiga e sombria. Sua maior esperança é o nirvana, um estado sem desejos, sem paixões, sem alma, sem espírito.

3.5.5. Politeísmo  

Esta palavra também deriva de dois termos gregos, poly, que significa "muitos", etheos, que significa "deus", a crença em muitos deuses. Entre as nações da antiguidade, cada aspecto da natureza era governado por um deus ou deusa; isto teve origem na adoração das forças da natureza. Mais tarde, heróis tribais foram elevados à posição de deidades e tinham domínio sobre rios, chuva, agricultura, paixões humanas, vários planetas, estações do ano, etc. Os vizinhos de Israel eram politeístas e com freqüência corrompiam a adoração de Israel. A Bíblia condena fortemente este paganismo com a sua idolatria (Is 44.9-20). Todavia, depois do cativeiro babilônico, Israel ficou virtualmente curado da adoração idólatra.

3.5.6. Deísmo  

O termo deísmo vem do latim deus. O deísta crê num deus transcendente, mas "ausente". O seu Deus fez o Universo e o ser humano, mas deixou que a Sua criação sustentasse a si mesma pelas leis naturais. O deísmo nega a natureza pecadora do ser humano e, portanto, a necessidade de uma expiação ou um redentor. O deísmo rejeita todos os milagres, assim como a inspiração Divina da Escritura Sagrada. Esta percepção de Deus é irracional, pois por que um Deus Pessoal criaria o mundo e o ser humano sem ter um propósito revelado para a humanidade? Os deístas não são muitos hoje em dia.

3.5.7. Dualismo  

O dualismo é a doutrina da existência de dois reinos opostos: um do espírito e um da matéria, contrários um ao outro, ou o governo do mundo por dois deuses: um de maldade e trevas e outro de bondade e luz. Zoroastro, um filósofo persa contemporâneo  de Moisés, foi o primeiro a defender a idéia de dois deuses de igual poder, nenhum dos quais triunfa no final. A Bíblia nos ensina sobre o bem e o mal, sobre Satanás e Deus. Mas Deus e o Seu reino irão triunfar sobre Satanás e o mal no fim dos tempos: "Os setenta e dois voltaram muito alegres e disseram a Jesus: até os demônios nos obedeciam quando, pelo poder do nome do Senhor, nós mandávamos que saíssem das pessoas! Jesus respondeu: de fato, Eu vi Satanás cair do céu como um raio. Escutem! Eu dei a vocês poder para pisar cobras e escorpiões e para, sem sofrer nenhum mal, vencer a força do inimigo." (Lc 10.17-19). O livro de Jó nos dá uma descrição de um tipo de dualismo, um conflito entre as forças de Deus e de Satanás, mas novamente Deus e a virtude triunfaram. Os gnósticos e maniqueístas em época pós-apostólicas eram dualistas, ensinando que toda matéria era maligna e que só o espírito era bom. No Novo Testamento, o "mundo" não se refere tanto a coisas físicas, mas ao espírito do pecado e do mal numa sociedade não regenerada e sujeita a Satanás. As coisas materiais podem ser boas e úteis para o reino de Deus quando administradas com dedicação. Todas as coisas são nossas quando colocadas aos pés de Jesus: "Ninguém deve se orgulhar daquilo que as pessoas podem fazer. Pois tudo é de vocês, isto é, Paulo, Apolo, Pedro, este mundo, a vida e a morte, o presente e o futuro. Tudo isso pertence a vocês, e vocês pertencem a Cristo, e Cristo pertence a Deus" (1 Co 3.21-23), e "Aos que têm riquezas neste mundo ordene que não sejam orgulhosos e que não ponham a sua esperança nessas riquezas, pois elas não dão segurança nenhuma. Que eles ponham a sua esperança em Deus, que nos dá todas as coisas em grande quantidade, para o nosso prazer" (1 Tm 6.17).
Existe um outro dualismo que ensina que toda aflição, calamidade, adversidade, pobreza e perturbação são enviadas diretamente por Satanás. Sem dúvida, muitos desses problemas provêm do reino de Satanás, e, com efeito, todos eles são resultado da queda. Mas a teoria de que toda adversidade é satânica é contestada pela experiência de quase todos os apóstolos, mártires e grandes líderes das igrejas, que fizeram da adversidade motivo de glória a Deus. A adversidade só é maligna quando permitimos que Satanás nos derrote com ela. Por outro lado, há vitória em Cristo através de todas as experiências da vida. Paulo, escrevendo à igreja de Corinto, disse: "Irmãos, queremos que saibam das aflições pelas quais passamos na província da Ásia. Os sofrimentos que suportamos foram tão grandes e tão duros, que já não tínhamos mais esperança de escapar de lá com vida. Nós nos sentíamos como condenados à morte. Mas isso aconteceu para que aprendêssemos a confiar não em nós mesmos e sim em Deus, que ressuscita os mortos. Ele nos salvou e continuará a nos salvar desses terríveis perigos de morte. Sim, nós temos posto n`Ele a nossa esperança, na certeza de que Ele continuará a nos salvar" (2 Co 1.8-10).
Este é um exemplo de problema na vida de Paulo que Deus usou para o Seu propósito, mas o apóstolo usa três vezes a palavra livrar. Existem forças opostas no mundo e o crente está em meio à batalha, porém nos encontramos do lado vencedor: "Meus filhinhos, vocês são de Deus e têm derrotado os falsos profetas. Porque o Espírito que está em vocês é mais forte do que o espírito que está naqueles que pertencem ao mundo" (1 Jo 4.4).

 

4. OS NOMES DE DEUS   

As Escrituras contêm vários nomes para Deus, pois nem um só nome nem uma multiplicidade de nomes podem revelar todos os Seus atributos. Nós necessitamos saber os atributos de Deus apenas no limite em que Ele se agrada em revelá-los, e aqueles que se referem às relações que temos com Ele. É reconfortante saber que existe alguma relação com Deus, revelada por um de Seus nomes, que corresponde a toda necessidade de Seus filhos. A meta da teologia é definir, na medida do possível, quais são estas relações. O estudo dos nomes de Deus irá ajudar-nos significativamente a alcançar este alvo.

4.1. Elohim  

O nome Elohim é a primeira palavra usada na Escritura para designar "Deus" (Gn 1.1). Este nome é empregado cerca de 2.500 vezes no Antigo Testamento. A raiz de seu significado é provavelmente "o forte e poderoso". "Existem inúmeras sugestões, mas não há consenso para o significado da raiz, provavelmente associado com El, que significa poderoso` ou `forte`." O nomeElohim, como a palavra "Deus", em português, pode referir-se ao Deus verdadeiro ou a qualquer objeto de adoração, ou até mesmo a dignatários humanos. Quase sempre, quando usado em conjunto com o artigo definido, é aplicado ao Deus único e verdadeiro de Israel.
O emprego da forma plural para Deus (Elohim), com o artigo no singular, necessita de alguma explicação. Alguns eruditos definem a palavra como o plural de majestade ou perfeição. Pode haver alguma verdade nisto, mas ela não representa uma justificação plenamente satisfatória de seu uso na Escritura inteira. Para os estudiosos mais conservadores, ela dá uma clara indicação da Trindade na Unidade. Em uma obra de referência bíblica moderna lemos: "O final plural é geralmente descrito como um plural de majestade... mas uma razão melhor pode ser vista na própria Escritura, onde no primeiro capítulo de Gênesis é descoberta a necessidade de um termo que transmita tanto a unidade do Deus único como também permita a pluralidade de pessoas (Gn 1.2,16).

4.1.1. El - significando "Deus, Deus poderoso, força" (Dt 32.4)  

Este é um nome muito antigo para Deus (provavelmente relacionado em origem a eloah e elohim, mas os eruditos não chegaram a um acordo) que se encontra de alguma forma em todos os idiomas semitas. Pode ter vários significados, mas na Bíblia refere-se geralmente Ao Deus verdadeiro de Israel. El, como um nome Divino, não aaprece com freqüência isolado, mas quase sempre em composição com outros termos como: El ElyonEl Shaddai, etc.

4.1.2. El Elyon (Dt 32.8) - o Altíssimo  

Foi o Deus Altíssimo que amou de tal maneira a humanidade que enviou Seu Filho para remir-nos, o qual é o nosso Sumo Sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque (Hb 6.20). O Salvador rebaixou-Se ao nível do pecador mais culpado: "Por isso Deus deu a Jesus a mais alta honra e pôs nEle o nome que é o mais importante de todos os nomes" (Fp 2.9). Jesus está à destra do Deus Altíssimo.

4.1.3. El Olan - o Deus Eterno  

O pensamento transmitido por este nome não é só a duração eterna de Deus, mas também a Sua fidelidade eterna. Como registrado em Gênesis, Abraão chama Jeová de "Deus Eterno", que guarda a Suas alianças (Gn 21.33). O salmista, pensando em Deus como um refúgio eterno disse: "Senhor, Tu tens sido o nosso refúgio. Antes de formares os montes e de começares a criar a terra e o Universo, Tu és Deus eternamente, no passado, no presente e no futuro" (Sl 90.1,2).

4.1.4. El Shaddai - o Deus Todo-Poderoso  

A forma composta, El Shaddai, é encontrada sete vezes; a palavra isolada shaddai, significando "o Todo-Poderoso", é mencionada 41 vezes, 31 vezes apenas em Jó.

4.2. Adonai - Senhor  

Este nome consta dos seguintes textos: (Gn 15.1,2; 18.12; 24.10; 1 Pe 3.6). A pessoa deve lembrar que, ao chamarmos Jesus de "Senhor", estamos reconhecendo que Ele é nosso Senhor; chamar Jesus de Senhor e não obedecê-Lo é uma contradição entre linguagem e conduta.

4.3. Jeová   

Jeová é o nome pessoal de Deus em Sua relação como Redentor. (Êx 3.13-15). Também aparece em (Êx 6.2,3).
Jeová é o nome para o Senhor Deus que ocorre com mais freqüência no Antigo Testamento (5.321 vezes). A forma hebraica verdadeira da palavra era YAHWEH. Em vista dos Mandamentos proibirem que tomassem o nome do Senhor Deus em vão, os hebreus temiam pronumciar o nome de yahweh(yhwh), substituíndo-o na leitura pela palavra Adonai. Com o correr dos séculos, esqueceram como pronunciar Jeová ou Yahweh e, quando os eruditos finalmente inventaram os "pontos vocais" para o hebraico escrito, deram a Jeová os pontos vocais originais.
Os eruditos diferem sobre a etimologia do nome Jeová (YHWH), mas ele seguramente procede de uma forma do verbo "ser". Isto parece claro na declaração de Deus a Moisés que "EU SOU" o enviara. "EU SOU O QUE SOU" parece ampliar o nome, de modo que poderia significar "o que existe eternamente". Jesus parecia identificar-Se com o nome quando disse aos judeus: "EU SOU o caminho..." (Jo 14.6); "EU SOU a luz..." (Jo 8.12); "EU SOU o pão da vida..." (Jo 6.35; "EU SOU a ressurreição e a vida" (Jo 11.25).

4.4. Ha Tsur - "A Rocha"  

O nome metafórico para Jeová, Ha Tsur, é encontrado cinco vezes em Deuteronômio 32: (32. 4) "Eis a Rocha...". O termo enfatiza a imutabilidade de Deus, a Rocha Eterna. Paulo disse: "e beberam da mesma bebida espiritual. Pois bebiam daquela Rocha Espiritual que ia com eles; e a Rocha era Cristo" (1 Co 10.4).

4.5. Nomes completos de Jeová  

Desde que Jeová é o nome da aliança de Deus, expressando uma relação pessoal, é natural que Seu nome fosse ligado a outros termos que identifiquem e tornem específicas essas relações.

4.5.1. Jeová-Elohim  

"Esta é a gênese dos céus e da terra quando foram criados, quando o Senhor Deus (Jeová-Elohim) os criou..." (Gn 2.4). Este nome identifica Jeová com a criação de todas as coisas. O Deus Trino da criação é também o Resentor de Seu povo.

4.5.2. Jeová-Jireh  

"E pôs Abraão por nome àquele lugar - O `Senhor Proverá` (Jeová-Jireh). Daí dizer-se até ao dia de hoje: No monte do Senhor se proverá" (Gn 22.14). Deus proveu um substituto para Isaque, para que ele ficasse livre. Ele proveu para nós da mesma forma, de uma vez por todas, um substituto, o Cordeiro de Deus. "Porque Ele nem mesmo deixou de entregar o próprio Filho, mas O ofereceu por todos nós! Se Ele nos deu o Seu Filho, será que não nos dará também todas as coisas?" (Rm 8.32).

4.5.3. Jeová-Rafá   

"Ele disse: Se vocês prestarem atenção no que Eu digo, se fizerem o que é certo e se guardarem os Meus mandamentos, Eu não os castigarei com nenhuma das doenças que mandei contra os egípcios. Eu Sou o SENHOR, que cura vocês" (Êx 15.26). Jeová revela aqui Sua relação pessoal como aQuele que sara o Seu povo. Desde que a promessa estava ligada a doenças, a cura deveria ser também física. Existe um número significativo de curas físicas no Antigo Testamento que exemplificam este atributo. A promessa é porém condicional à obediência, o que explica por que as curas físicas não eram mais comuns. Uma grande parte do ministério de Jesus e Seus apóstolos à cura física. A igreja recebeu "dons de curar" (1 Co 12.9) e as condições de obediência ainda se aplicam ao povo de Deus.

4.5.4. Jeová-Nissi  

"Moisés construiu um altar e lhe deu o seguinte nome: O SENHOR Deus é a minha bandeira" (Êx 17.15). Os israelitas tinham acabado de triunfar numa batalha contra Amaleque. Arão e Hur sustentaram no alto as mãos de Moisés até o entardecer, e enquanto o fizeram Israel prevalecia. A fim de comemorar a vitória, construíram um altar e lhe deram o nome de Jeová-Nissi (Êx 17.8-15).

4.5.5. Jeová-Shalom  

"Gideão construiu ali um altar para Deus, o SENHOR, e o chamou de `O SENHOR é paz`. E até hoje esse altar está em Ofra, cidade que pertence às famílias de Abiezer" (Jz 6.24). Quando Deus estava chamando Gideão para comandar a vitória de Israel sobre os midianitas, um anjo lhe apareceu e realizou um milagre. Gideão pensou que morreria por causa disso. Jeová lhe assegurou que viveria, fazendo Israel triunfar. Jeová foi paz para ele, mesmo antes de começarem as batalhas. Shalom (paz) significa mais que libertação do conflito, representa prosperidade, saúde, bem-estar e fé em face da aflição. Jesus disse: "Deixo com vocês a paz. É a Minha paz que Eu lhes dou; não lhes dou a paz como o mundo a dá. Não fiquem aflitos, nem tenham medo" (Jo 14.27).

4.5.6. Jeová-Raah  

"O Senhor é o meu Pastor: nada me faltará" (Sl 23.1). Era consolador para Israel pensar em Jeová com o grande Pastor dos seus rebanhos, provendo pastos tão fartos que não era preciso sofrer necessidades. Jesus disse: "Eu Sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a vida pelas ovelhas" (Jo 12.11).

4.5.7. Jeová-Tsidkenu  

"Quando isso acontecer, o povo de Judá ficará seguro, e o povo de Israel viverá em paz. Esse rei será chamado de SENHOR, nossa Salvação`" (Jr 23.6). Paulo escreveu a respeito de Jesus, nosso Salvador: "Porém Deus uniu vocês com Jesus Cristo e fez com que Cristo seja a nossa sabedoria. E é por meio de Cristo que somos aceitos por Deus, nos tornamos o povo de Deus e somos salvos" (1 Co 1.30).

4.5.8. Jeová-Sabaoth  

"Quem é esse Rei da glória? É Deus, o SENHOR Todo-Poderoso; Ele é o Rei da glória" (Sl 24.10).

4.5.9. Jeová-Shammah  

"O comprimento total da muralha em volta da cidade toda será de nove quilômetros. O nome da cidade daqui em diante será: `O SENHOR está aqui`" (Ez 48.35). Como nos fortalece saber que o Deus transcendente que criou o vasto Universo é também o Deus imanente, eternamente presente com Seu povo.

 

4.6. Nomes de Deus no Novo Testamento  

4.6.1. Theos  

"Antes de ser criado o mundo, aQuele que é a Palavra já existia (Logos). Ele estava com Deus e era Deus (Theos)" (Jo 1.1). A palavra grega theos, como elohim, pode significar "Deus". Trata-se do termo comum para "Deus" no Novo Testamento.

4.6.2. Kurios 

"e declarem abertamente que Jesus Cristo é o Senhor (Kurios), para a glória de Deus (Theos), o Pai (Pater)" (Fp 2.11). Os três nomes Divinos do Novo Testamento são usados no versículo acima. Kurios é como Adonai no Antigo Testamento.

4.6.3. Pater  

"Portanto, orem assim: `Pai (Pater) nosso, que estás no céu, que todos reconheçam que o Teu nome é Santo" (Mt 6.9). Também: "Porque o Espírito que vocês receberam de Deus não torna vocês escravos e não faz com que tenham medo. Pelo contrário, o Espírito torna vocês filhos de Deus; e pelo poder do Espírito dizemos com fevor a Deus: `Pai (Aba), meu Pai!`" (Rm 8.15). Aba era o termo aramaico para "pai". Jesus usou essa palavra em Sua oração no Jardim do Getsêmani.

 

5. OS ATRIBUTOS DE DEUS  

Escrever sobre os atributos do Deus infinito é uma tarefa séria. No entanto, só podemos examinar a Palavra de Deus com a certeza de que nas Escrituras inspiradas temos a revelação de Deus para nós. Deus nos revelou aquelas perfeições e excelências da Sua natureza que considera essenciais para nossa redenção, adoração e comunhão com Ele. Este pode ser um dos estudos mais interessantes na esfera da doutrina bíblica. Quem não fica maravilhado ao ler palavras come estas da pena inspirada do profeta Isaías: "Com quem vocês vão comparar o Santo Deus? Quem é igual a Ele? Olhem para o céu e vejam as estrelas. Quem foi que as criou? Foi aQuele que as faz sair em ordem como um exército; Ele sabe quantas são e chama cada uma pelo seu nome. A Sua força e o Seu poder são tão grandes, que nenhuma delas deixa de responder" (Is 40.25,26).
Tais expressões O engrandecem como Criador e Provedor ao mesmo tempo. Elas revelam o Seu poder, sabedoria, providência e imutabilidade. Esta não é senão parte de um capítulo do Antigo Testamento. Quando somamos o Novo Testamento e a revelação de Deus como vista em Seu Filho Jesus Cristo, temos uma fonte rica e viva pela qual entendemos as "propriedades" e "virtudes" do nosso Deus.
Não é fácil classificar os atributos de Deus. Existem claramente duas categorias gerais, mas é difícil encontrar palavras adequadas para distingui-las. Uma delas só é possuída por Deus; a outra, o ser humano pode possuir até um grau limitado. A classe que só pertence a Deus chamaremos de tributos absolutos; a que pode ser compartilhada conosco chamaremos de atributos morais.

5.1. Atributos absolutos

5.1.1. Auto-existência  

Deus é a fonte absoluta de todo ser vivo. "Assim como o Pai é a fonte da vida, assim também fez o Filho ser a fonte da vida" (Jo 5.26). Ele não é uma série de emanações, como alguns ensinam erroneamente. Ele é o eterno Deus, Criador de todos os seres vivos e de todas as coisas que existem: "Antes de tudo, Ele já existia, e, por estarem unidas com Ele, todas as coisas são conservadas em ordem e harmonia" (Cl 1.17). Deus não depende para o Seu Ser ou essência de qualquer fonte externa. Ele é portanto auto-existente, tem existência própria.

5.1.2. Imutabilidade  

É muito consolador para o ser humano saber que as alianças de Deus são tão confiáveis quanto os fundamentos do céu. "O SENHOR diz: Eu Sou o SENHOR e não mudo. É por isso que vocês, os descendentes de Jacó, não foram destruídos" (Ml 3.6). "Tudo de bom que recebemos e tudo o que é perfeito vêm do céu, vêm de Deus, o Criador das luzes do céu. Ele não muda, nem varia de posição, o que causaria a escuridão" (Tg 1.17). 
O ser humano muda diáriamente, sua obediência não é constante. As ações e atitudes negativas do ser humano podem diminuir a experiência de bênçãos condicionadas para ele, mas isto não contradiz a fidelidade de Deus. Na oração de dedicação do templo, feita por Salomão, ele declarou: "Bendito seja o SENHOR Deus, que deu paz ao Seu povo, como havia prometido! Ele tem cumprido todas as abençoadas promessas que fez por meio do Seu servo Moisés" (1 Rs 8.56).

5.1.3. Eternidade  

O nome majestoso de Deus dado a Moisés: "Deus disse: EU SOU QUEM SOU. E disse ainda: Você dirá o seguinte: EU SOU me enviou a vocês" (Êx 3.14). O salmista exclamou: "Antes de formares os montes e de começares a criar a terra e o Universo, Tu és Deus eternamente, no passado, no presente e no futuro" (Sl 90.2). Sua existência, para expressá-la de uma perspectiva humana, é da eternidade passada à eternidade futura. O apóstolo João cita o Senhor: "Eu Sou o Alfa e o Ômega, diz o Denhor Deus, o Todo-Poderoso, que é, que era e que há de vir" (Ap 1.8). As mesmas declarações de eternidade brotam da boca de Jesus: "Eu Sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim" (Ap 22.13). O Deus Eterno é o doador da vida eterna através de Seu Filho Eterno: "Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida" (1 Jo 5.12). E Paulo conclui: "Ao Rei eterno, imortal e invisível, o único Deus - a Ele sejam dadas a honra e a glória, para todo o sempre! Amém!" (1 Tm 1.17).

5.1.4. Onipresença  

Salomão estava consciente da imensidade e onipresença de Deus quando orou: "Mas será que, de fato, ó Deus, Tu podes morar no meio de nós, criaturas humanas, aqui na terra? Tu és tão grande, que não cabes nem mesmo no céu; como poderia este Templo que eu construí ser bastante grande para isso?" (1 Rs 8.27). Deus está presente em toda parte. Todavia, encontra-Se em lugares específicos em manifestações. Encontrou-Se com Moisés no monte Sinai. Está em Seu templo e este, no entanto, não O pode conter. Está nos céus, todavia enche os céus e a terra. Está no Seu trono, onde Jesus intercede por nós. Ele Se acha em toda parte. Ele não está dentro de tudo, mas está presente em todo lugar. "Eu Sou o Deus que está em toda parte e não num só lugar. Sou Eu, o SENHOR, quem está falando. Ninguém pode se esconder num lugar onde Eu não possa ver. Então vocês não sabem que estou em toda parte, no céu e na terra?" (Jr 23.23,24).

5.1.5. Onisciência  

Dois aspectos da total sabedoria de Deus são enfatizados nas Escrituras. Primeiro, nada acontece em parte alguma que Ele não saiba. Os seres humanos não podem ocultar de Deus seus atos ou pensamentos. Se a desonestidade e falsidade de Geazi eram conhecidas do profeta de Deus, ceratamente não estavam ocultas do Ser Onisciente (2 Rs 4.20-27). Deus tornou manifestos os planos enganosos de Ananias e Safira para que fossem julgados (At 5.1-11). Nas cartas às sete igrejas da Ásia, o Senhor descreve claramente não apenas suas ações, mas também sua condição espiritual interior (Ap 2.1-3.22). O salmista conclui: "Ó SENHOR Deus, Tu me examinas e me conheces. Sabes tudo o que eu faço e, de longe, conheces todos os meus pensamentos. Tu me vês quando estou trabalhando e quando estou descansando; Tu sabes tudo o que eu faço. Antes mesmo que eu fale, Tu já sabes o que vou dizer" (Sl 139.1-4).

5.1.6. Onipotência  

Algumas pessoas tentam encontrar uma contradição na onipotência de Deus porque se diz que há algumas coisas que Ele não pode fazer, tais como: mentir, pecar, negar a Si mesmo e, em tom de brincadeira, fazer uma rocha tão grande que não possa levantar. Esta não é uma limitação do Seu poder, mas uma autolimitação da Sua vontade. Deus não fará o que é contrário à Sua natureza, nem o que é uma contradição em termos.
   a) A grandeza do poder de Deus é vista nas obras por Ele criadas. A vastidão do Universo confunde a nossa imaginação, e os reinos microscópico e submicroscópico são igualmente complexos. Se pensarmos como o corpo humano foi tremenda e maravilhosamente formado, atônitos diante do Deus Onipotente. Seu poder criativo é tanto incomensurável como incompreensível. Mas, além deste, fica o mundo eterno e invisível, "Porque nós não prestamos atenção nas coisas que se vêem, mas na que não se vêem. Pois o que pode ser visto dura apenas um pouco, mas o que não pode ser visto dura para sempre" (2 Co 4.18). 
   b) O poder de Deus é também manifesto em seu governo soberano sobre tudo. "Para o SENHOR, todas as nações do mundo são como uma gota de água num balde, como um grão de areia na balança; Ele carrega as ilhas distantes como se fossem um grão de areia" (Is 40.15). A profecia bíblica relativa ao destino das nações tem tido um maravilhoso cumprimento, mostrando que Deus governa de fato os assuntos dos reis e autoridades humanas. "Para Ele, os seres humanos não têm nenhum valor; Ele governa todos os anjos do céu e todos os moradores da terra. Não há ninguém que possa impedí-Lo de fazer o que quer; não há ninguém que possa obrigá-Lo a explicar o que faz" (Dn 4.35). O livro de Daniel é um comentário eloqüente acerca da soberania de Deus sobre os reinos terrenos, representados por animais ou partes de uma imagem. A maneira como Deus tirou o Seu povo do Egito, levando-o para a terra da promessa, demonstra novamente que nada é demasiado difícil para Ele (Gn 18.14).
   c) Outra demonstração do poder Divino é a Igreja do Senhor Jesus. Deus tomou doze discípulos aparentemente comuns, encheu-os com o Espírito Santo, e com eles "transtornou o mundo" (At 17.6). Vinte séculos mais tarde, esta Igreja está viva e firme, à beira de um reavivamento mundial.
   d) A ressurreição de Jesus dentre os mortos mostra o poder de Deus sobre o reino da morte e da sepultura. Juntos em Cristo, Deus nos levantou e fez sentar com Ele nos lugares celestiais "e como é grande o Seu poder que age em nós, os que cremos nEle. Esse poder que age em nós é a mesma força poderosa que Ele usou quando ressuscitou Jesus e fez com que Ele se sentasse ao Seu lado direito no mundo celestial" (Ef  1.19,20). 
   e) Finalmente, Deus é soberano sobre os anjos, principados e potestades, espíritos demoníacos e o próprio Satanás. Deus reina no céu, na terra e sob a terra. Aquele que fez todas as coisas e governa todos os reinos pode resolver quaisquer problemas que aflijam seu povo.

5.1.7. Soberania  

Já discutimos, no título anterior, a soberania de Deus sobre as nações e o reino invisível. A esta altura, é necessário dar um pouco de atenção à antiga controvérsia sobre a soberania de Deus e o livre-arbítrio do ser humano. Paulo escreve aos Efésios: "Antes da criação do mundo, Deus já nos havia escolhido para sermos dEle por meio da nossa união com Cristo, a fim de pertencermos somente a Deus e nos apresentarmos diante dEle sem culpa. Por causa do Seu amor por nós, Deus já havia resolvido que nos tornaria Seus filhos, por meio de Jesus Cristo, pois este era o Seu prazer e a Sua vontade" (Ef 1.4,5). 
A Bíblia ensina, na verdade, as duas posições. Deus é soberano, mas não arbitrário. O ser humano tem liberdade de escolha e vontade, com certas limitações. Nossa incapacidade de reconciliar as duas posições não torna falsa uma ou outra posição. Nossa incapacidade de ver como ambas podem estar certas ao mesmo tempo deve-se à nossa compreensão humana finita. Deus pode ser soberano sem violar a liberdade essencial do ser humano. Toda verdade Divina é paradoxal para nós, num certo sentido, porque nossa visão da realidade é apenas parcial. A verdade Divina é um círculo completo, de 360 graus.

5.2. Atributos morais  

Chamaremos de morais certos atributos, por terem sido compartilhados até certo ponto com o ser humano remido e se referirem ao caráter e à conduta. Todos eles falam da bondade de Deus.

5.2.1. Santidade  

Deus é santo e requer santidade de Seu povo. "Eu Sou o SENHOR. Didiquem-se a Mim, o Deus de vocês, e sejam completamente fiéis a Mim, pois Eu Sou Santo. Não fiquem impuros por causa de qualquer animal que se arrasta pelo chão. Eu Sou o SENHOR, que os trouxe do Egito a fim de ser o Deus de vocês. Portanto, sejam santos, pois Eu Sou Santo" (Lv 11.44,45). 
O Deus Santo estava acima de tudo, governando como Rei e Dono de todas as coisas, Jeová Sabaoth em glória majestosa, recebendo a adoração dos serafins que engrandecem a Sua santidade, diante de cujas perfeições o profeta clamou atônito e arrependido de seus pecados. Antes de observarmos os outros atributos morais de Deus, este é o conceito que devemos ter dEle. As Escrituras mencionam com maior freqüência a santidade de Deus do que a Sua onipotência, onisciência e onipresença combinadas. As Escrituras estabelecem a santidade de Deus muito antes de descreverem o Seu amor. Êxodo, Levítico, Números descrevem repetidamente o Deus de santidade. Só quando chegamos a Deuteronômio  4.37 é que encontramos uma declaração manifesta do Seu amor, e isto se encontra em um contexto de santidade que inspira reverência.
Quando aplicado a pessoas ou coisas, o sentido principal de santidade é dedicação e consagração, a qualidade de ser separado para Deus. As coisas santas são dedicadas exclusivamente a Deus ou à Sua adoração e serviço. Qualquer coisa que pertença somente a Deus é santa, como o Seu templo com seus utencílios e mobília. Santo era o povo de Deus. Israel é chamada de nação santa. 
Mais tarde, santidade também significou separação de toda impureza e de toda forma de idolatria. Na época de Isaías, a injustiça se tornara uma violação da santidade tão grande quanto a delinqüência na adoração e nos sacrifícios (Is 1.1-20). O Deus santo sentiu-Se grandemente insultado pelo adultério de Israel, que estava adorando divindades pagãs.

5.2.2. Retidão  

Deus é reto, porque age sempre em absoluta conformidade com Sua santa natureza e vontade. 
Como Deus reto, Ele estabelece leis para governar os acordos que os seres humanos têm uns com os os outros em sociedade. Os quatro primeiros mandamentos referem-se à adoração e serviço de Deus, mas os últimos seis concernem à forma das pessoas tratarem umas às outras. Nosso Deus lida conosco em justiça; devemos tratar uns aos outros com retidão. Através da boca de Isaías, Deus advertiu Israel: "Lavem-se e purifiquem-se! Não quero mais ver as suas maldades! Parem de dizer o que é mau e aprendam a fazer o que é bom. Tratem os outros com justiça; socorram os que são explorados, defendam os direitos dos órfãos e protejam as viúvas" (Is 1.16,17). 
Nosso Deus reto e santo é também um Deus de misericórdia e clemência, mas Ele não agirá de forma contraditória com a Sua santidade. Em Sua retidão fez um plano para justificar o pecador, enviando Seu Filho infinito para ser, uma vez por todas, o perfeito sacrifício para o pecado. Desde que como o segundo Adão Ele viveu em perfeita obdiência à vontade santa do Pai, Deus podia conferir ao crente a retidão de Cristo sem deixar de Ser reto. O crente pecador é justificado em Cristo, ao mesmo tempo em que a justiça de Deus não foi comprometida. Devemos lembrar, no entanto, que somos justos em Cristo: "Agora que fomos aceitos por Deus pela nossa fé nEle, temos paz com Ele por meio do nosso Senhor Jesus Cristo" (Rm 5.1).

5.2.3. Amor  

É possível que todos os atributos morais de Deus estejam encerrados nesses dois: Sua santidade e Seu amor. Na Sua santidade Ele é inacessível; no Seu amor Ele se aproxima de nós. Em Sua santidade é transcendente, em Seu amor é imanente. Mas não há dois senhores, apenas um que é tanto santo como amoroso. Para o ser humano decaído, esses dois atributos aparentemente irreconciliáveis se unem na perfeita obra expiatória de Cristo, em que as exigências da santidade são satisfeitas e a emanação de amor é realizada.
"Quem não ama não O conhece, pois Deus é amor. Foi assim que Deus mostrou o Seu amor por nós: Ele mandou o Seu único Filho ao mundo para que pudéssemos ter vida por meio dEle. E o amor é isto: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele que nos amou e mandou o Seu Filho para que, por meio dEle, os nossos pecados fossem perdoados. E nós mesmos conhecemos o amor que Deus tem por nós e cremos nesse amor" (1 Jo 4.8-10,16).

5.2.4. Verdade  

A Palavra de Deus é verdade. É a verdadeira revelação de Sua natureza, de Sua vontade e Seu propósito para o ser humano, e de Seu plano de salvação. "Jesus respondeu: Eu Sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém pode chegar até o Pai a não ser por Mim" (Jo 14.6). Suas promessas foram feitas em verdade e são dignas de confiança. Deus é verdade por ser o único Deus verdadeiro, Criador de todas as coisas e o único dígno da adoração humana. "Deus é Espírito, e por isso os que O adoram devem adorá-Lo em espírito e em verdade" (Jo 4.24).

5.2.5. Fidelidade  

Em vista de Deus ser verdade, Ele é fiel em manter todas as Suas promessas e alianças. Deus não pode mentir. Sabemos que todas as Suas promessas serão cumpridas, porque: a) Deus, por natureza, não irá prometer o que não pretende cumprir e b) mais ainda, sendo Onipotente, Ele é capaz de fazer o que promete. Devemos compreender, no entanto, que muitas promessas são condicionais a certa obediência de nossa parte; se desobedecermos, Deus não será infiel ao reter a bênção prometida. Pode parecer, às vezes, que Deus é infiel a uma promessa, quando demora a cumpri-la. Quando Ele demora, é sempre em nosso melhor benefício. Em seu tempo, ditado pela Sua sabedoria, Ele cumprirá fielmente a Sua promessa "Desse modo Ele nos tem dado os maravilhosos e preciosos dons que prometeu. Ele fez isso para que, por meio desses dons, nós escapássemos da imoralidade que os maus desejos trouxeram a este mundo e pudéssemos tomar parte na Sua natureza Divina" (2 Pe 1.4).

 

6. AS OBRAS DE DEUS

6.1. Propósito Divino  

Parece claro pelo ensino da Escritura que todos os eventos das nações e indivíduos são conhecidos por Deus desde o início, sendo levados em conta em Seu plano e propósito. Isto não significa que Deus produz e é responsável por todos atos e eventos, mas que eles fazem parte do Seu propósito no sentido de operar todas as coisas para a Sua glória suprema: "Desde o princípio, anunciei as coisas do futuro; há muito tempo, Eu disse o que ia acontecer. Afirmei que o meu plano seria cumprido, que Eu faria tudo o que havia resolvido fazer" (Is 46.10,11). 
O propósito predominante de Deus nos assuntos da humanidade é expresso por Paulo em seu sermão aos atenienses: "Deus, que fez o mundo e tudo o que nele existe, é o Senhor do céu e da terra e não mora em templos feitos por seres humanos. E também não precisa que façam nada por Ele, pois é Ele mesmo quem dá a todos vida, respiração e tudo mais. De um só homem Ele criou as raças humanas para viverem na terra. Antes de criar os povos, Deus marcou para eles os lugares onde iriam morar e quanto tempo ficariam lá" (At 17.24-26). Este propósito Divino "previamente estabelecido", porém não priva as pessoas de sua escolha nem de sua resposabilidade pessoal. "Todas as coisas são feitas de acordo com o plano e com a decisão de Deus. De acordo com a Sua vontade e com aquilo que Ele havia resolvido desde o princípio, Deus nos escolheu para sermos o Seu povo, por meio da nossa união com Cristo" (Ef 1.11). 
O grande milagre da profecia bíblica demonstra duas coisas: 1) que Deus é Onisciente e conhece todas as coisas desde o princípio, e 2) que Ele tem um plano e propósito, o qual, em Seu poder e sabedoria, executará para a Sua glória e para a redenção do Seu povo. Se cada ato e acontecimento surpreendesse a Deus e exigisse que Ele improvisasse a fim de salvar Seu programa do desastre, este seria na verdade um mundo bastante confuso. Nem sequer o pecado original do ser humano surpreendeu a Deus; Ele criou o ser humano com livre-arbítrio para obedecer ou desobedecer. Não podemos explicar perfeitamente porque Deus permitiu o pecado e a maldade, mas temos fortes indícios de que um povo remido contribuirá finalmente muito mais para a glória de Deus do que uma raça de autômatos conformistas. Deus não é o autor do pecado. Em Sua infinita sabedoria, que não podemos sondar inteiramente, Ele fez o ser humano um agente moral livre, capaz de obediência ou desobediência. A depravação, o sofrimento e o crime resultaram da desobediência do ser humano, mas Deus determinou superá-los. Os três jovens hebreus na fornalha ardente, Daniel na cova dos leões e José vendido cruelmente ao Egito demonstram a operação do propósito Divino. Paulo conclui: "E também me deu o privilégio de fazer com que todos vejam como se realiza o plano secreto de Deus. Deus, que criou tudo, escondeu esse segredo durante os tempos passados. E isso aconteceu a fim de que agora, por meio da Igreja, as autoridades e os poderes angélicos do mundo celestial conheçam a sabedoria de Deus em todas as suas diferentes formas. Deus fez isso de acordo com o Seu propósito eterno, que Ele realizou por meio de Jesus Cristo, o nosso Senhor" (Ef 3.9-11).

6.2. Criação  

Não tentaremos explicar aqui os primeiros capítulos de Gênesis, além do fato de que eles são uma crônica da criação dos céus, da terra e da raça humana. Quer Gênesis 1.2 represente uma "brecha" catastrófica com o versículo três relatando uma nova criação, quer os dias da criação sejam literais, ou períodos indefinidos, quer os detalhes possam ser reconhecidos com as modernas teorias científicas da origem do ser humano, é melhor deixar o assunto a cargo dos comentários e livros dedicados à discussão da ciência e da Bíblia. Basta dizer que os observadores de igual erudição estão divididos em suas interpretações dos detalhes do relato da criação. Muitas pessoas reverentes da ciência admitiram que não existe um conflito básico entre a narrativa de Gênesis sobre a criação e os fatos conhecidos da ciência. Muitos cientistas materialistas modernos começam com uma hipótese de que todos os fenômenos podem ser eventualmente explicados pelas leis da matéria e movimento. Essa é a sua "fé". Acreditamos que o registro bíblico afirma que todas as coisas tiveram uma origem Divina. Acreditamos que um número maior de fatos apóia o nosso ponto de vista do que uma hipótese materialista evolucionária. Além do mais, cremos que a fé no Deus criador da Bíblia estabelece um fundamento para uma sociedade melhor, mais sadia moralmente, mais comprometida socialmente e mais eticamente responsável do que aquela baseada numa "fé" sem Deus, materialista e sem propósito.

6.3. Providência  

A preservação e a providência são negadas pelos panteístas, que consideram o universo como eterno e operado por mecanismos invariáveis; e pelos deístas, que ensinam que depois de ter criado o universo e ter-lhe dado leis intrínsecas, Deus deixou-o funcionar de acordo com as capacidades embutidas nele. O materialista moderno não aceita a existência de um Deus pessoal, rejeitando assim a idéia de uma providência pessoal. Por outro lado, as Escrituras em toda parte confirma a operação de uma providência e preservação Divina.

6.3.1. Governa o universo físico  

Embora Deus tenha dado à terra condições naturais, tais como a proporção certa de agua e terra, ventos, correntes marínhas, evaporação e precipitação, a fim de manter o clima apropriado para a vida animal e vegetal, Ele ainda preserva esses processos pela Sua supervisão. O fato de a natureza nem sempre distribuir seus benefícios de acordo com a conveniência de cada pessoa faz parte da maldição sobre a terra que acompanhou a queda da humanidade (Gn 3.17-19). Mas até uma terra debaixo da maldição expõe o desígnio e o cuidado de Deus para aqueles que não estão cegos pela incredulidade.

6.3.2. Cuida da criação animal  

Os animais receberam instintos de Deus que os capacitam por natureza a cuidar de si mesmo, mas eles também, como o ser humano, dependem do Criador e Sustentador da terra para prover chuva, vegetação, oxigênio e um clima estável.

6.3.3. Governa providencialmente as nações  

O livro de Daniel, lido juntamente com a história antiga, demonstra quão completamente as nações e até os "poderes mundiais" estão sujeitos ao propósito Divino e seguem a palavra profética. A menção de Ciro, por Isaías, um século antes de ele ter entrado no cenário da história para dar andamento ao plano de Deus para Israel, prova que Deus prevê e ordena o drama humano. (Sl 22.28) "Pois o SENHOR é Rei e governa as nações".

6.3.4. Cuida de nosso nascimento e posição na vida  

A providência do Senhor não abrange apenas nossas ocupações e decisões mais importantes da vida, mas até mesmo os menores detalhes. (Jr 1.5) "Antes do seu nascimento, quando você ainda estava na barriga da sua mãe, Eu o escolhi e separei para que você fosse um profeta para as nações".

6.3.5. Interessa-Se por nossos êxitos e fracassos  

Quando dedicamos nossas vidas ao Senhor, podemos confiar nEle para verificar nosso progresso e promoção. (Lc 1.52) "Derruba dos seus tronos reis poderosos e põe os humildes em altas posições".

6.3.6. Fornece proteção para os justos  

(Sl 4.8) "Quando me deito, durmo em paz, pois só Tu, ó SENHOR, me fazes viver em segurança".

6.3.7. Supre as necessidades e desejos de Seu povo  

(Fp 4.19) "E o meu Deus, de acordo com as gloriosas riquezas que Ele tem para oferecer por meio de Jesus Cristo, lhes dará tudo o que vocês precisam".

6.3.8. Provê as respostas às nossas orações  

(Mt 6.33) "Portanto, ponham em primeiro lugar na sua vida o Reino de Deus e aquilo que Deus quer, e Ele lhes dará todas essas coisas".

6.3.9. Determina a recompensa dos justos e o castigo dos ímpios   

A pessoa comum é muito propensa à anciedade; a preocupação leva muitas a um leito de infermidade e até a uma sepultura precoce. (Sl 1.6) "Pois o SENHOR dirige e abençoa a vida daqueles que Lhe obedecem, porém o fim dos maus são a desgraça e a morte".

 

7. A TRIUNIDADE DE DEUS

 

7.1. Definição  

Aproximamo-nos do estudo da trindade com um profundo sentimento de reverência. Todo o estudo da natureza de Deus desafia a nossa inteira compreensão, porém a triunidade de Deus é o maior de todos os mistérios divinos. Nele nos encontramos em terra santa. Por ser um mistério, não esperamos reduzí-lo a fórmulas lógicas, mais do que tentaríamos encerrar o Oceano Pacífico em uma taça. Estudamos, porém, a doutrina por ser a pedra central da revelação divina. Para a mente humana, a unidade de Deus pode ser contradições, embora as doutrinas sejam claramente ensinadas através de todo o Novo Testamento. A triunidade de Deus é a pedra angular da fé cristã. Cada vez que a doutrina foi comprometida na história da Igreja, os outros dogmas bíblicos foram também comprometidos. Os que negaram a trindade também negaram a divindade de Cristo, o nascimento virginal, a expiação substitutiva, a personalidade do Espírito Santo; e/ou fizeram de Deus um ator de teatro usando três máscaras diferentes.
O apóstolo Paulo disse: "Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho que o Espírito Santo entregou aos seus cuidados, como pastores da Igreja de Deus, que Ele comprou por meio do sangue do Seu próprio Filho" (At 20.28).

7.2. Apresentação escriturística

7.2.1. No Antigo Testamento  

Era essencial que a unidade de Deus fosse revela e enfatizada. Israel encontrava-se cercado de tribos e nações que haviam se afastado do conhecimento origunal do Deus Todo-Poderoso, o Criador, para abraçar o politeísmo. As nações gentias adoravam uma variedade de deuses e deusas representadas por imagens. Deus revelou-Se a Abraão como o Deus Todo-Poderoso (El Shaddai). A Moisés, Deus revelou-Se pelo Seu nome pessoal redentor de Jeová e declarou em sua lei: "Escute, povo de Israel! O SENHOR, e somente o SENHOR, é o nosso Deus" (Dt 6.4). 
   a) No Antigo Testamento existem nomes plurais para Deus, que são usados para referir-se a Ele. Os nomes Elohim e Adonai são plurais. Elohim, quando se refere ao Deus Eterno, tem uma forma singular do verbo. A pluralidade do nome é justificada por alguns como "um plural de majestade". 
   b) O Anjo de Jeová, em algumas passagens bíblicas, é o próprio Deus. O Anjo de Jeová aparece inúmeras vezes no livro de Gênesis e de tempos em tempos através de todo o Antigo Testamento. É feita uma distinção entre o Anjo de Jeová e o próprio Jeová, todavia é um só. Em tais eventos, quando Deus aparece como um anjo ou homem, chamamos a aparição de "teofonia", dos termos gregos theos (Deus) e phaino (aparecer). Deus aparece a Hagar (Gn 16.7-13). Deus aparece a Abraão (Gn 18.1-19.29), eram "três Homens", mas Abraão se dirige a Eles como Senhor, no singular. Dois dos Homens aparecem a Ló em Sodoma, mas ele Os chama de Jeová. Em (Gn 22.1-19), Abraão recebe ordem para sacrificar Isaque, mas o Anjo do Senhor fala do céu, livrando-o da ordem. No v. 16 o Anjo chama a Si mesmo de Jeová. Em (Gn 32.22-32), Jacó luta com um Anjo e prevalece para receber uma bênção Divina, dizendo então: "Vi a Deus face a face" (Gn 32.30). O Anjo do Senhor apareceu a Moisés, prometendo que os livraria do Egito; durante a conversa os termos "Anjo" e "Jeová" são usados intercambiavelmente.
   c) Deus promete enviar outro profeta, Jesus é o profeta parecido com Moisés "Do meio deles escolherei para eles um Profeta que será parecido com você. Darei a esse Profeta a Minha mensagem, e Ele dirá ao povo tudo o que Eu ordenar. Eu castigarei quem não obedecer às ordens que esse Profeta der em Meu nome" (Dt 18.18,19). 
Quem mais falou de tal maneira as palavras de Deus que os que não atenderam incorreram no juízo direto de Deus? De quem Deus falou, dizendo: "...Este é o Meu Filho querido, que Me dá muita alegria. Escutem o que Ele diz" (Mt 17.5)?
   d) Jesus é o príncipe do exército do Senhor. Em Josué 5.13-6.2, um "homem" com uma espada desembainhada na mão apareceu a Josué dizendo ser "comandante do exército de Deus". Josué recebeu ordem para descalçar as sandálias porque ele estava em lugar santo. 
   e) Referências nos Salmos aplicadas a Jesus: "O SENHOR Deus disse ao meu Senhor, o Rei: Sente-Se do Meu lado direito, até que Eu ponha os Seus inimigos debaixo dos Seus pés" (Sl 110.1). 
   f) Jesus é o Messias predito no Antigo Testamento. Em Isaías 7.14, é aquele que nasceria de uma virgem. Em Isaías 9.6,7 Ele é o Príncipe da Paz, Deus Forte, Pai da Eternidade.

7.2.2. No Novo Testamento  

Depois da ressurreição de Jesus e da descida do Espírito Santo no Dia de Pentecostes, a doutrina da trindade tornou-se clara como água para a Igreja do Novo Testamento. Jesus revelara-Se em todas as Escrituras e agora outro Consolador viera trazendo à mente: "Mas o Auxiliador, o Espírito Santo, que o Pai vai enviar em Meu nome, ensinará a vocês todas as coisas e fará com que lembrem de tudo o que Eu disse a vocês" (Jo 14.26). Quando os apóstolos começaram a pregar o evangelho e a escrever as cartas, não vacilaram em declarar que Jesus era Deus-Filho e que o Espírito Santo era Deus e que Deus era Deus-Pai. 
  São as seguintes as provas da trindade no Novo Testamento:

   a) As três Pessoas estão em evidência ao mesmo tempo no batismo de Jesus. Jesus sobe das águas do batismo, o Espírito Santo desce dos céus na forma corporal visível de uma pomba, o Pai fala dos céus dizendo: "Logo que foi batizado, Jesus saiu da água. O céu se abriu, e Jesus viu o Espírito de Deus descer como uma pomba e pousar sobre Ele. E do céu veio uma voz, que disse: Este é o meu Filho querido, que Me dá muita alegria" (Mt 3.16,17). Os três manifestaram-se a um só tempo. O Pai fala do Filho como uma outra identidade de quem Ele se agrada. O Espírito tem uma identidade separada dos outros dois. 
   b) No capítulo 14 do Evangelho de João temos uma prova nítida das três Pessoas distintas da trindade. Primeiro, no v.9, Jesus diz a Filipe: "...Faz tanto tempo que estou com vocês, Filipe, e você ainda não Me conhece? Quem Me vê vê também o Pai. Por que é que você diz: Mostre-nos o Pai?" Fica claro aqui que Jesus e o Pai são um. No entanto, ao mesmo tempo, eles possuem identidades separadas, pois Jesus diz aos discípulos: "Mas o Auxiliador, o Espírito Santo, que o Pai vai enviar em Meu nome, ensinará a vocês todas as coisas e fará com que lembrem de tudo o que Eu disse a vocês" (v.26). 
Jesus fala do Pai com "Ele", do Espírito Santo como "Ele", e de Si mesmo como "Eu". Jesus refere-se ao Espírito Santo como "Auxiliador", separado em identidade...