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Teologia - A. T. Vol. 4
Teologia - A. T. Vol. 4

Título: Teologia do Antigo Testamento - Vol. 4


11.3. O REINO MESSIÂNICO   

Os profetas, no seu alto conceito de Deus, não podiam deixar de esperar o aperfeiçoamento do seu reino, o triunfo final da justiça Divina no mundo. Assim falaram freqüentemente sobre a vida do reino na sua perfeição como o resultado das atividades do Senhor. Também descrevem, às vezes, os característicos do reino sem qualquer referência ao Messias. Mas, em geral, o reino de Deus, na plenitude da sua perfeição, será realizado com a vinda e o governo do Messias, o Servo do Senhor (Filho de Deus). Não podemos deixar de reconhecer que a esperança messiânica relaciona-se, no pensamento dos escritores do Antigo Testamento, com as várias atividades providenciais do Senhor na história de Israel, desde a chamada de Abraão até o novo concerto de Jeremias e Ezequiel. Assim o concerto, encerrado nas palavras `o reino messiânico`, é mais antigo do que a frase que aparentemente tem a sua origem na promessa de Deus a Davi (2Sm 7.11-16). Israel é geralmente reconhecido, pelos escritos bíblicos, como o portador da revelação do eterno propósito do Senhor que abrange todas as nações do mundo. A eleição de Israel para o benefício das outras nações é reconhecida como passo importante no cumprimento da promessa patriarcal. A missão messiânica de Israel é amplamente reconhecida pelos profetas. "O Senhor te estabeleceu para Si como um santo, como te prometeu com juramento, se guardares os mandamentos do Senhor teu Deus e andares nos seus caminhos. Todos os povos da terra verão que tu és chamado pelo nome do Senhor; e terão temor de ti" (Dt 28.9,10). O Senhor Javé é Deus de todas as nações, toda a terra é dEle, e em tudo que Ele fez pelos patriarcas, e mais tarde pelos filhos de Israel, visava o Seu propósito eterno de abençoar todas as famílias da terra. É claro para os escritores Bíblicos que o Senhor escolheu a Israel para servir como meio de conseguir o propósito do Senhor, revelado na promessa patriarcal. O concerto do Senhor com Davi é geralmente reconhecido como a origem do concerto do `reino messiânico`, e a base das profecias messiânicas. O Messias, ou o Ungido do Senhor, é reconhecido na profecia como o filho de Davi. Mas é claro que o concerto do reino messiânico chegou a incluir a promessa patriarcal e a escolha de Israel como o povo do Senhor. O reino messiânico não se distingue, no sentido absoluto, do reino de Deus. Para o indivíduo, o reino de Deus é a presença do Senhor no seu espírito, a harmonia da sua vontade com a vontade Divina de tal maneira que a sua vida inteira seja divinamente orientada em perfeita harmonia com o Espírito do Senhor. Devido às limitações humanas e ao propósito do Deus infinito esta harmonia perfeita da vontade das pessoas com a de Deus é difícil de alcançar, como se vê no caso de Jeremias e alguns dos salmistas. Mas o reino de Deus, como o reino messiânico, é também social. É o propósito Divino trazer o maior número possível à salvação para que, no Seu reino, eles possam viver em amor fraternal e trabalhar juntos em cooperação com o Senhor para realizar o Seu governo perfeito entre todos os povos do mundo. Os profetas entenderam as interpretações do reino de Deus na vida do Seu povo. Para eles, o reino messiânico era a forma futura do reino de Deus, o aperfeiçoamento e a consumação do reino do Senhor, sob o governo do Seu Ungido. Os profetas e salmistas, nos seus escritos, descrevem em termos perceptíveis os característicos do reino messiânico. 

11.4. O MESSIAS VINDOURO  

O conceito do Messias não se originou com Davi, mas por causa da sua maravilhosa carreira, escritores Bíblicos ligaram a esperança a ele ou à sua descendência, fazendo do seu nome o símbolo do Rei Messiânico. Mas, segundo alguns escritores, a realeza do Messias se destacava de Davi e da sua dinastia. Ageu e zacarias esperavam que Zorobabel havia de estabelecer-se como o Messias (Zc 6.12,13; Ag 1.12-2.9). A crítica sobre a data desta identificação e a relação entre o concerto do Senhor com Davi e as promessas anteriores são interessantes para o estudante da história do desenvolvimento da religião de Israel, e indiretamente para o teólogo. Todavia, no estudo teológico do Antigo Testamento, é claro que a teologia avançada dos grandes profetas baseia-se na revelação do Senhor por intermédio de Abraão e Moisés, e que as mais profundas doutrinas dos profetas e salmistas são o crescimento lógico e coerente das verdades eternas do Senhor transmitidas e verificadas nas experiências e na história do povo de Israel. O Messias de Belém é descendente de Davi e reinará como seu sucessor no trono de Israel. 

11.5. O FILHO DE DEUS   

"Então vi nas visões noturnas, e eis que vinha com as nuvens do céu um com o Filho de Deus, chegou até o antigo dos dias, e foi apresentado diante dEle. Foi-lhe dado domínio, glória e um reino, que todos os povos, nações e línguas o servissem; o Seu domínio é um domínio sempiterno, que não passará, e o Seu reino tal, que não será destruído" (Dn 7.13,14). Este texto é outra representação da esperança messiânica. O títolo do Nazareno, `Filho de Deus`, provavelmente se baseou nesta passagem. A passagem dá, em resumo, a mensagem principal das profecias messiânicas: o reino de Deus na terra vencerá o poder dos inimigos e será estabelecido pelo Filho de Deus, que terá domínio eterno sobre todos os povos, nações e línguas. Baseando-se nos versículos 18,22,27 do capítulo 7, alguns intérpretes pensam que a frase "um como o Filho de Deus" refere-se ao "povo glorificado e ideal de Israel", "os santos do Altíssimp". Mas a frase "vinha nas nuvens do céu" não concorda com a interpretação coletiva. Os dois títulos, "Filho de Deus" e "Servo Sofredor", refere-se ao Redentor que veio do povo escolhido, da nação sacerdotal. O domínio mundial do Messias é facilmente transferido "ao povo glorificado e ideal de Israel". 

11.6. O SERVO SOFREDOR   

A figura do Servo Sofredor é a mais importante da esperança profética. Entre os judeus a esperança messiânica se centralizava no Filho de Deus, como o soberano de um reino fundamentalmente político, mas divinamente justo, eterno e universal. Não há certeza de que eles jamais ligassem o concerto do Servo Sofredor com o do Rei Messiânico, mas não pode haver dúvida de que o autor dos textos de Isaías 42,49,50 e 53, sobre o Servo do Senhor, apresenta-o como o agente de Deus que há de conseguir a salvação do mundo. Ele tem quase os mesmos predicados divinos que são atribuídos ao Rei Ungido do Senhor, e ao Filho de Deus, mas temos no retrato dele o ensino sublime de que a redenção será efetuada, não pela missão do Rei político, mas pelo sofrimento vicário do Servo do Senhor. O Servo foi perseguido e atormentado, e os Seus sofrimentos foram interpretados pelos observadores como o castigo divino e merecido. Morreu, e até na morte foi considerado um criminoso. Mais tarde Deus O exaltou e Lhe deu lugar entre os grandes. Os observadores então confessam que tinham entendido erradamente os sofrimentos do Servo. Não sofreu por causa dos seus próprios pecados, mas levou sobre Si os sofrimentos, as tristezas e as iniqüidades dos seus detratores, que tinham testemunhado e apoiado as crueldades e as injustiças praticadas contra Ele. Sofreu o castigo das trasngressões dos Seus perseguidores. E tudo isto aconteceu de acordo com a vontade de Deus. Pelos Seus próprios sofrimentos, o Servo tinha libertado os pecadores da punição que eles mereciam, para que eles pudecem ficar justificados perante o Senhor. Sim, o sofrimento do Servo foi vicário. 

11.7. SALMOS DO SERVO DO SENHOR   

Há um grupo de Salmos do `Ebed-Javé` (Servo do Senhor), e como os quatro cânticos de Isaías, são geralmente reconhecidos como messiânicos. Incluem-se neste grupo os Salmos 18,22,69,88 e 116. Sem entrar na discussão destes Salmos, chamamos a atenção apenas a certos conceitos semelhantes aos das poesias sobre o Servo do Senhor de Isaías. Podemos acrescentar que é de fato maravilhoso o retrato do Servo Sofredor que se apresenta em Isaías (52.13-15). O Seu caráter, a Sua prudência, a Sua paciência, a Sua fé, a Sua justiça, a Sua fidelidade no desempenho do Seu mandato: o Seu proceder, a Sua íntima relação com o Senhor Deus e a influência peculiar do Seu sofrimento vicário sobre os seres humanos são coisas novas na experiência humana. Ficou profundamente gravado na memória e na consciência dos Seus contemporâneos como Ele levou, na Sua pessoa, as tristezas, os sofrimentos e os problemas do Seu povo. Com Ele entrou no mundo uma luz, uma nova verdade, um novo caminho e uma novo poder para orientar e encaminhar a humanidade extraviada. 

 

12. A VIDA FUTURA   

Há, no Antigo Testamento, dois conceitos de escatologia. Um se refere ao aperfeiçoamento futuro do reino de Deus na terra; o outro trata da vida futura do ser humano além da morte. O primeiro nasce da revelação do propósito de Deus na escolha de Israel, e se desenvolve em relação com as atividades do Senhor na história. O segundo refere-se ao `Sheol` (lugar dos mortos) como a habitação de todos os mortos, e finalmente o lugar da punição dos ímpios, após o julgamento final. O primeiro desenvolve-se com o entendimento da personalidade corporal de Israel; a modificação do conceito do lugar dos mortos acompanha o esclarecimento do ensino profético sobre a responsabilidade pessoal. O primeiro é mais característico da mentalidade de Israel, e teve mais influência na teologia do Antigo Testamento; o segundo concorda perfeitamente com o entendimento do lugar do ser humano individual no desenvolvimento do reino de Deus. Desde o tempo do profeta Amós, os profetas testemunharam o declínio moral do povo de Israel, como nação política e como o representante do reino de Deus no mundo. O profeta Jeremias apresentou um no ensino, de profunda significação. A frase que encerra os elementos deste ensino profético é o `novo concerto`. A unidade religiosa no novo concerto não será mais como tal, mas `uma pessoa`. Deus escreverá a Sua lei no espírito do ser humano. Cada pessoa experimentará diretamente o poder da graça de Deus no seu espírito, ficando individualmente e pessoalmente responsável perante Deus. Assim o reino de Deus constará de pessoas em comunhão pessoal com o Senhor. O israelita fiel podia aceitar estes dois conceitos de escatologia. Aqueles que tinham o conhecimento do Senhor no espírito podiam trabalhar para o aperfeiçoamento do reino de Deus, com a certeza das bênçãos do Senhor. Todavia, este novo conhecimento da comunhão pessoal com Deus modificou gradualmente o ensino profético sobre a vida futura. Assim os salmistas e profetas chegaram a entender que a morte não poderia romper a comunhão entre as pessoas piedosas e o Deus eterno.

12.1. A MORTE FÍSICA   

A escatologia do indivíduo recebe menos atenção no Antigo Testamento do que a da comunidade nacional. Para os hebreus, a morte física significava a partida do espírito do corpo para se unir com outros espíritos no mundo dos mortos (Seol). Assim o espírito se separava do corpo, mas ainda continuava a existir, embora num estado de tristeza e sofrimento, pois se julgava que o espírito sem o corpo não podia gozar comunhão com Deus. Cortada da `terra dos vivos`, a mera existência da pessoa não tinha mais significação. Torna-se claro na leitura do Antigo Testamento que a morte de pessoas próximas, sempre despertou profunda tristeza. Assim a palavra `maweth` significa a dissolução das coisas vivas, incluindo o ser humano, mas na Bíblia a palavra adquire um sentido peculiar em relação com o ser humano. Levando na sua pessoa a semelhança Divina, o ser humano, enquanto vivi, pode ser visitado por Deus, e receber as bênçãos da comunhão pessoal com o Senhor. Contudo, é muito diferente de Deus na sua mortalidade. Como os animais do campo, o ser humano também é sujeito à morte. "Os seus dias são como a sombra que passa" (Sl 144.3). Com o entendimento de que o pecado impede a comunhão com Deus, os escritores Bíblicos reconheceram uma conexão entre o pecado e a morte. "Portanto tu és pó, e em pó te tornaras". "A pessoa que pecar, essa morrerá" (Ez 18.20). Contudo, o profeta Ezequiel ensina que Javé não tem prazer na morte, nem na morte dos ímpios. O Antigo Testamento, não apoia o ensino de que a morte é um benefício humano, de acordo com a ordem da natureza. A morte é um mal, uma amargura, um terror (Dt 30.15; 1Sm 15.32; Sl 55.4). Todavia, o sofredor Jó, na sua aflição, expressou a esperança de encontrar algum alívio no lugar dos mortos (17.13-16). Ele sabe que o Redentor vive, e espera que vindique o justo depois da morte (19.25-27). Normalmente a vida é desejável. Jó tinha experimentado a vida boa antes da sua aflição. Em toda parte da Bíblia a vida é reconhecida como o dom do Criador, e que não deve ser repudiada. O suicídio entre os israelitas era muito raro. Nem o sofredor Jó, naquela miséria e sofrendo dores teríveis, não considerou que o suicídio seria justificável. Severamente ferido no campo de batalha, o rei Saul pediu que o seu pagem de armas arrancasse a espada e o matasse para que ele não caísse nas mãos dos inimigos, para ser torturado, e morto. Horrorizado, o pagem de armas recusou. Então o rei Saul lançou-se sobre a espada, para Saul sereia o único meio de salvaguardar a sua honra. A morte é fato de experiência. Pessoas morrem em todas as variedades de circunstâncias. Alguns, como Abraão, Jacó, José e muitos outros morreram em idade avançada, depois de uma vida ricamente abençoada. Outros são cortados na infância ou na mocidade. Ainda outros caem às mãos dos inimigos, nas guerras, por doenças, fome, e tantas coisas mais inimigas da vida. A morte está sempre ceifando as suas vítimas. Enquanto as pessoas enfrentavam a sua própria morte com terror, o povo em geral ficava indiferente à morte de pessoas fora da família ou dos amigos. Alguns teólogos se esforçam para provar que os israelitas normalmente prestavam culto aos mortos porque os seus vizinhos: os egípicios, os babilônios, e outros o faziam. "Não se achará entre vós quem faça passar a seu filho ou a sua filha pelo fogo, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoeiro, nem feiticeiro, nem encantador, nem quem consulte uma advinha, um mágico ou um necromante. Porque abominável é ao Senhor todo aquele que faz estas coisas, e por causa destas práticas abomináveis, o Senhor vosso Deus os lança fora diante de vós" (Dt 18.10-l1).

12.2 SHEOL (LUGAR DOS MORTOS)   

Não há no Antigo Testamento qualquer declaração para sugerir que a morte fosse a extinção total de uma pessoa. Todas as declarações sobre o `Seol` e os seus habitantes são vagas. A palavra é usada freqüentemente no sentido poético ou figurativa, como: (Dt 32.22; Is 7.11; Jn 2.2,3; Am 9.2-4; Sl 130.7,8). "Pois um fogo se acende na minha ira, e arde até a profundeza do `Seol`, devora a terra e a sua novidade, e abrasa os fundamentos dos montes" (Dt 32.22). Não há certeza quanto à origem do conceito de `Seol`. Alguns pensam que se originou com os sumerianos e veio aos hebreus por intermédio dos cananeus. A palavra provavelmente deriva-se de uma raiz que significa "ser oco", e assim, corresponde ao significado do termo inglês "hell". Não são uniformes as representações de `Seol` no Antigo Testamento, mas as referências indicam que os escritores pensavam que era uma grande cavidade nas profundezas da terra, o lugar do encontro e da habitação de todos os mortos. Há uma teoria de que originalmente o `Seol` era apenas um grupo de sepulturas de uma tribo ou de uma nação, e desta idéia se desenvolveu o conceito de que é a habitação dos mortos de todos os povos, bons e maus. Se o conceito de `Seol` se desenvolveu da idéia primitiva das sepulturas, os dois lugares continuaram a existir juntos como a habitação dos mortos. Mas a sepultura é o lugar do corpo, enquanto o espírito, separado do corpo, habita no lugar dos mortos. As muitas declarações sobre o `Seol` aparentemente não expressam verdades recebidas pelos escritores em comunicação com Deus, mas representam principalmente a imaginação dos autores no período antes da revelação dos ensinos sobre a responsabilidade pessoal. Por esta razão as descrições do lugar e de seus habitantes são vagas e indefinidas. Os pensamentos e as imaginações sobre o `Seol` pertencem mais às idéias religiosas e passageiras do que a teologia do Antigo Testamento. Não se representa como lugar de castigo nem de recompensa. Até nos últimos períodos do Antigo Testamento as pessoas receberam a recompensa ou a punição que mereceram enquanto ainda viviam. Entende-se que `Seol` (lugar dos mortos) é um lugar com duas repartições. Uma reservada para as pessoas ímpias e outra para as pessoas justificadas pelo Deus Eterno.

12.3. NOVAS REVELAÇÕES SOBRE A VIDA FUTURA (VIDA ETERNA)   

A interpretação do significado do cativeiro e a orientação moral e espiritual de Israel pelos profetas, no volta do cativeiro, é uma das maravilhas da história. Este povo derrotado e quebrantado foi levado pela graça de Deus através do ministério dos profetas. O Senhor (Javé) não os tinha desamparado, mas pelos infinitos recursos, a sua sabedoria tinha demonstrado a futilidade de confiar nos poderes políticos como meios de promover o reino de Deus no mundo. Assim os profetas interpretaram para o povo os mivimentos da sua história e as orientaram no cumprimento da sua missão messiânica. Nesta orientação profética surgiram os novos ensinos sobre a vida eterna. Assim a crença na imortalidade pessoal foi desenvolvida quase no fim do período do Antigo Testamento. Mas ainda são poucas as declarações de convicção firme e assegurada na vida feliz dos fiéis além da morte. O conceito do destino final do indivíduo no Antigo Testamento geralmente parece inferior ao das religiões éticas da Grécia e do Egito. Como se explica esta falta de interesse na vida futura das pessoas? É claro que o conceito de `Seol` concorda com a teologia geral, enquanto acentuava a solidariedade nacional e julgava que o ser humano recebia nesta vida a recompensa ou a punição de seus atos. Os povos semíticos em geral mantiveram a mesma opinião dos hebreus sobre a vida futura, mas sem o motivo hebraico de dar ênfase à solidariedade nacional. Os babilônios e os assírios, semelhantes aos egípcios, na falta do sentimento hebraico de solidariedade, não se interessavam da vida além túmulo, enquanto os egípcios se interessavam profundamente no seu bem-estar e na sua felicidade pessoal depois da morte. No estudo da religião de Israel, não se pode deixar de reconhecer a sua virilidade e a ênfase que dava à vida presente, especialmente na literatura devocional. Os profetas e os salmistas que escreveram sobre o reino do Messias vindouro descrevem o aperfeiçoamento da vida social. Eram as religiões que davam pouca importância à vida presente, que davam mais ênfase à vida além da morte. "Crer na imortalidade é uma coisa, mas primeiro de tudo é necessário crer na vida". Nenhum dos povos contemporâneos cria tão profundamente na dignidade da vida humana como o povo de Israel. No fervor da comunhão com o Senhor, os hebreus não negavam em absoluto a realidade da vida futura. Mas cônscios das bênçãos que recebiam do Deus Vivo na vida presente e interessados no progresso do reino de Deus na terra, eles simplesmente ficavam preocupados com as riquezas da fé nesta vida e consideravam indesejável a mera existência no "Seol`, fora da presença de Deus. Todavia, pode-se observar, no estudo da vida religiosa dos salmistas que do seu regozijo na presença do Senhor sugiu a esperança de que nem a morte poderia interromper uma comunhão tão real e tão preciosa com Javé, o Deus de amor eterno. Permaneceu a crença de que o espírito não pode viver inteiramente desligado do seu corpo. Surgiu, então, a questão da felicidade dos espíritos justos que moravam na presença de Deus. Com todas as riquezas da morada celeste dos espíritos justos, os israelitas pensavam que eles precisavam ficar revestidos de seus corpos para completar a sua felicidade eterna. Os salmistas tinham apresentado um novo entendimento da imoralidade do espírito e tinham demonstrado que as injustiças e os sofrimentos imerecidos desta vida hão de ser endireitados na vida futura. Mas para aperfeiçoar a felicidade dos espíritos imortais com Deus, eles precisavam ser revestidos de formas corpórias. 

12.4. A DOUTRINA DA RESSURREIÇÃO DO CORPO   

A esperança do povo de Israel no seu futuro nacional desde o tempo de Moisés é a ressurreição do corpo. O entendimento do propósito de Javé na sua eleição, os israelitas desenvolveram o seu conceito na história, que visava para eles o futuro glorioso. A idade áurea de Israel traria também às outras nações do mundo o conhecimento e a bênçãos do seu Deus. Não há dúvida de que esta forma de esperança para o futuro de Israel persistia através da sua história política. O israelita individual podia então participar das bênçãos da nova época, se vivesse até que fosse estabelecida, ou se podia esperar que os seus descendentes pudessem gozar estas bênçãos juntamente com os seus contemporâneos. No correr da história, a esperança nacional legava-se com o conceito do reino messiânico, a forma perfeita do reino de Deus na terra. Ora, a esperança messiânica se originou antes do desenvolvimento do individualismo e da crença na imoralidade pessoal, e se tinha apoderado firmemente da consciência nacional. Não podia ser substituída nem desprezada. Todos os ideais nobres da religião de Israel fundiram-se com a esperança messiânica. A doutrina da imortalidade pessoal, que se originou na experiência pessoal de comunhão dos salmistas com Deus, ligou-se também com a esperança na vinda do reino messiânico. Os justos que morreram antes da vinda do reino perfeito, deviam ficar habilitados para participar das bênçãos da nova época. Isto seria conseguido pela ressurreição dos seus corpos, pois o corpo era considerado um elemento constituinte da pessoa. É significativo o preparo de Israel para ouvir e entender o ensino profético sobre a ressurreição. A esperança para o seu futuro, ligava-se: com a fé no caráter do Senhor. A vida de Israel dependia da sua comunhão com Deus, mantida por seu amor e fidelidade. O profeta Oséias declara: "Quando Efraim se fez culpado no tocante a Baal, morreu" (13.1). Os profetas, desde o tempo de Amós, reconheceram e proclamaram a dissolução de Israel. Mas com a proclamação do julgamento Divino veio também a promessa de restituição. A árvore brotará de novo (Is 6.13; 65.22). "O restante voltará". Assim Oséias emprega a figura da morte e proclama a ressurreição de Israel. Assim se apresentam no Antigo Testamento três passos no desenvolvimento da idéia de imortalidade: a imortalidade da pessoa piedosa na época messiânica; a convicção de que a rica comunhão pessoal com Deus não pode ser terminada pela morte; e, a ressurreição do corpo e a completa renovação da vida pela nova união do espírito com o corpo. Aguns salmistas esperavam ir diretamente para a presença de Deus, na ocasião da morte. Prevalecia entre alguns deles a opinião de que, na ocasião da morte, o corpo descia ao `Seol`, e lá ficava até que fosse para gozar as bênçãos do reino messiânico, logo que fosse estabelecido. Mas o pregador de Eclesiastes e os saduceus mantinham dúvidas sobre as duas formas de esperança. As experiências espirituais das pessoas piedozas em comunhão com Deus não podem ser interrompidas ou concluídas pela morte. Continuarão na vida além da morte(Sl 17.15; 73.24).

 

13. AS DOUTRINAS ESSENCIAIS DO ANTIGO TESTAMENTO   

As doutrinas essenciais da teologia do Antigo Testamento, sem entrar, na discussão da história da religião do povo de Israel. Enquanto a religião fica enraizada nos ensinos teológicos dos profetas, havia sempre a tendência na prática religiosa, na parte das multidões, de desviar-se dos mais nobres ensinos dos profetas. A religião dos israelitas era freqüentemente mais influenciada pelas religiões dos vizinhos do que pela sua própria teologia. A teologia se desenvolvia no esforço dos escritores de orientar o povo de acordo com o concerto que o Senhor Javé tinha estabelecido com Israel no Monte Horebe. É claro que a história da religião e a teologia do Antigo Testamento podem ser apresentadas como matérias diferentes, embora não seja possível fazer uma distinção nítida entre elas. P.ex., no período dos Juizes, o baalismo tinha quase tanta influência na vida do povo de Israel como a religião de Javé, e desde o tempo de Salomão havia um declínio gradual da religião dos israelitas, enquanto a teologia dos profetas chegou ao seu maior desenvolvimento. Os escritores do Antigo Testamento não eram versados na filosofia e na lógica, e nem se interessaram em sistematizar `os seus artigos de fé`. Escrevendo das experiências diária, da comunhão pessoal com Deus, as suas obras literárias refletem as influências culturais de várias épocas da história. Portanto, há, na literatura canônica, uma variedade de experiências com Deus, e ensinos teológicos influenciados pelas condições sociais e religiosas, mas sempre adaptados às necessidades espirituais do povo nos períodos sucessivos da história. As experiências e os ensinos religiosos de cada escritor também refletem a sua cultura literária e os seus característicos pessoais, pois a inspiração Divina fortalece, mas não neutraliza a personalidade do mensageiro. A literatura representa pontos de vista diferentes, p.ex., nos ensinos religiosos dos sacerdotes e profetas, e também mostra progresso no entendimento geral dos atributos de Deus, especialmente da santidade, do amor e da justiça, revelados cada vez mais claramente pelas atividades do Senhor na história de Israel. Não obstante a variedade das experiências religiosas e das vicissitudes que influenciaram a vida e a literatura dos escritores, o Antigo Testamento apresenta evidências copiosas da unidade, coerência da história da comunidade religiosa do povo de Israel. O princípio unificador desta literatura singular na história das religiões, da humanidade, revela-se nas atividades do Senhor no espírito e na vida do povo que tinha libertado, redimido e escolhido para representar o Seu amor e a Sua graça entre as nações e os povos do mundo. Os israelitas sempre estavam positivamente certos de que o Senhor Javé os tinha libertado do poder do Egito por grandes milagres sem qualquer esforço da sua parte. Nunca vacilaram na certeza de que o Senhor os tinha escolhido como o Seu povo peculiar. Israel ficou igualmente certo de que o Senhor Deus tinha estabelecido com ele o concerto da graça no Monte Sinai. Ao povo nunca foi permitido esquecer por completo o propósito do Senhor na sua eleição. Encontram-se na literatura de todos os períodos da história de Israel sublimes experiências pessoais e nacionais do amor imutável e da fidelidade do Senhor no cumprimento das promessas do concerto, apesar das vacilações e das infidelidades de Israel. De geração em geração os escritores e pregadores transmitiram ao povo o conhecimento revelado do caráter e das experiências éticas da justiça Divina, sempre insistindo na fidelidade de Israel no cumprimento das suas responsabilidades como povo escrolhido do Senhor. Em todos os períodos da história, o único Deus, Criador de todas as coisas e Governador da história, está sempre falando ao povo de Israel, Criou o ser humano à sua própria imagem, capaz de gozar comunhão com Ele e de reconhecer e entender a revelação da vontade Divina. Os profetas reconheceram a impossibilidade de descobrir a Deus com os seus poderes intelectuais, pois o ser humano, como criatura, é inteiramente dependente do seu Criador. A sua felicidade e o seu bem-estar dependem da obediência à vontade do Senhor, como lhe é revelada pelo próprio Deus. 

13.1 A DOUTRINA DE DEUS  

Como se pode avaliar os ensinos teológicos do Antigo Testamento? Propriamente entendidas, as suas doutrinas teológicas geralmente levam, no seu apelo ao espírito humano, o reconhecimento da sua validade. Os escritores declaram, com inabalável convicção, que tem conhecimento de Deus, somente porque Ele se revelou em santidade, justiça e amor, como o único Deus Eterno, Criador de todas as coisas. O cometimento apaixonado dos profetas às verdades recebidas e verificadas pela comunhão pessoal com Deus, reforçou o poder dos seus ensinos e o sentido de responsabilidade perante o Senhor, de aplicá-los à vida política e social de Israel. A fé válida repousa na realidade, naquilo que é, não naquilo que não é. Este é o ponto de vista da religião do Antigo Testamento. A fé de Israel baseou-se na experiência de contato direto da consciência de pessoas de fé com a consciência de Deus. Os israelitas não eram cientistas no sentido moderno da palavra, nem filósofos e nem psicanalistas, mas as suas crenças básicas suportam a prova da razão, da filosofia, da história e da psicanálise. Emboras não seja possível provar cientificamente a verdade de que quaisquer crenças, quando as doutrinas fundamentais do Antigo Testamento são submetidas à razão, elas não são incompatíveis com os fatos verificados ou conhecidos pela ciência moderna em qualquer esfera de conhecimento. Segundo a Bíblia, o conhecimento de Deus não é descoberto, verificado, e assim estabelecido pelo processo de raciocínio, mas pela comunhão pessoal com Deus. O Senhor Javé, o Deus de Israel, não chegou a ser conhecido pelos pensamentos ou pelas idéias dos seres humanos formuladas a respeito dEle, mas experiência deles na consciência, e pelo desejo ardente de descobrir e fazer a vontade de Deus. O processo pelo qual os profetas do Antigo Testamento receberem o seu conhecimento de Deus é reconhecido e praticado, pelo menos em parte, por cientistas modernos. Contrário ao ponto de vista comum de que o conhecimento precede a fé, os psicanalistas e cientistas sabem que a fé precede o conhecimento e abre a porta de entendimento de todos os ramos da ciência. A fé, definida como "convicção à parte de, ou em excesso de provas", é o guia de todos os grandes inventores e cientistas. O Antigo Testamento é o fruto desta qualidade de fé. Os filósofos se esforçaram para descobrir um princípio básico e unificador para explicar todos os mistérios do universo. Os escritores do Antigo Testamento, com a "convicção em excesso de provas", apresentam o Senhor Deus, Criador e Sustentador do universo, como alvo final da busca filosófica. O Senhor da Bíblia é o Deus Vivo, sempre ativo na direção `da obra de Seus dedos`, habilitando e ajudando as pessoas, que criara um pouco abaixo da divindade e dos anjos, nas lutas que enfrentam no esforço de cumprir o propósito Divino visado na criação. Apesar da obstinação, das fraquezas e da inconstância de Israel, o Senhor Javé, no Seu amor imutável, atuava constantemente em todas as épocas da história deste povo, para conseguir o propósito de estabelecer o Seu reino de amor e justiça entre todos os povos da terra. Ainda opera assim na história de todos os povos, por intermédio das forças morais e espirituais daqueles que se submetem à Sua direção e procuram fazer a Sua vontade. A santidade de Deus, segundo o Antigo Testamento, além de representar a Sua transcendência, e a separação de tudo que Ele criou, significa também a pureza e a perfeição da Sua natureza moral, a antítese de tudo no ser humano que é contrário à Sua vontade. O profeta Isaías estremeceu na presença da santidade do Senhor, não por causa da sua fraqueza humana na presença do poder Divino, mas porque era humano pecaminoso na presença do Deus Santo. No seu horror, ele reconheceu logo que o pecador não pode viver na presença da Santidade. Ele ia perecendo até que fosse tirada a sua iniqüidade e perdoado o pecado praticado. Segundo os profetas do Antigo Testamento, Deus revela o Seu caráter nos Seus atos, o Seu propósito moral na orientação da vida do Seu povo. Este é um dos caracteríscicos distintivos da fé de Israel. Deus é justo, e, portanto, exige justiça do Seu povo. "Assim a religião de Israel é ética na sua essência, e não meramente nas suas exigências. Os profetas interpretaram as atividades do Senhor na Sua história como manifestações do amor Divino. A eleição de Israel foi uma das maravilhas do amor do Senhor, e os profetas deram ênfase às responsabilidades que este alto privilégio acarretava. Na exposição moral de Deus para o mundo, os profetas reconheceram a gravidade das falhas do povo escolhido quando não refletia o caráter do Senhor na sua vida interna. Quando os desenfreados de Israel revelaram o seu desprezo do amor do Senhor, o seu caminho não podia prosperar. Tinha que sofrer as conseqüências da infidelidade, não porque Deus ficasse ofendido com ele, mas porque a disciplina Divina é uma expressão do Senhor. Assim a felicidade e o bem-estar do ser humano resultam da comunhão com Deus, da gratidão pelo Seu amor e da obediência à Sua vontade. 

13.2. A DOUTRINA DO SER HUMANO   

Os ensinos do Antigo Testamento sobre a natureza e as necessidades do ser humano, embora antigos, são de valor permanente para todos os seres humanos. Muito do conhecimento das ciências sociais, descoberto pelos cientistas modernos, foi reconhecido e apresentado pelos escritores Bíblicos. São coerentes e persistentes os ensinos da Bíblia sobre o caráter paradoxal da natureza humana. De um lado, é "criado à imagem de Deus", "pouco abaixo dos anjos", coroado "de glória e honra", com "domínio sobre as obras" das mãos de Deus. Por outro lado, "o Senhor Deus formou o ser humano do pó da terra, e lhe soprou nas narinas o fôlego da vida; e o ser humano se tornou um ser vivente racional". Também os animais irracionais são denominados `seres viventes`. É verdade que o corpo do ser humano é composto dos elementos da terra, e neste sentido é semelhantes aos demais animais. Todavia, nesta história antropomorfa, o ser humano é distinguido dos animais irracionais pela sua natureza moral, a responsabilidade de obedecer às ordens do seu Criador. A mortalidade é sinal da sua natureza corrompida. Na sua natureza espiritual, e na sua semelhança Divina, o ser humano tem a capacidade de entender a verdade, de distinguir entre o bem e o mal, de trabalhar e assim aproveitar-se dos bens da terra, de frutificar, multiplicar, encher e subjugar a terra. O realismo do ponto de vista Bíblico do ser humano, com o conhecimento das suas fraquezas morais e as suas potencialidades intelectuais e espirituais, apresenta um contraste chocante com o pessimismo cínico das nações, dos líderes do comunismo sobre "o ser humano econômico". O Antigo Testamento dá ênfase à solidariedade social de Israel. O israelita sentia-se unido por laços fortes com a família, a tribo e o povo. Libertados como grupos e organizados como nação pelo Senhor Javé como o Seu próprio povo, e assim incumbidos do serviço sacerdotal para todos os povos da terra, o israelita individual sentia-se unido por laços espirituais não somente com os seus próprios patrícios, mas também com as gerações do passado e do futuro, com o sentido profundo da sua responsabilidade social. Com esta responsabilidade sacerdotal, surgiu o concerto Bíblico da história, o primeiro e o mais aceitável das várias filosofias. Mas o israelita nunca se considerou somente como membro da sociedade. É por causa do fracasso do povo como nação sacerdotal que os profetas Jeremias e Ezequiel deram tanta ênfase à responsabilidade pessoal. A verdade é que a nação fracassou principalmente por causa do excesso da má influência dos reis e outros indivíduos que despresaram os ensinos dos profetas, os servos do Santo de Israel.

13.3. A DOUTRINA DO PECADO   

O Antigo Testamento oferece aos seres humanos modernos ensinos de valor para todas as gerações sobre a natureza e a influência do pecado. O estudante cuidadoso das Escrituras Sagradas não pode deixar de observar que houve desenvolvimento do conceito de pedado, na longa história do povo de Israel. Alguns teólogos modernos crêem que as nações sobre as coisas devotadas, as comidas proibidas, e algumas das leis cerimoniais se originaram com os cananeus e deles foram adotadas pelos israelitas. Seja qual for a força desta interpretação, é claro que o conceito de pecado apresentado pelos profetas canônicos tem elementos de valor permanente. Segundo o Antigo Testamento, não há nada pecaminoso na natureza física ou no corpo do ser humano como tal. Não há pecado na satisfação legítima da fome física do ser humano. A natureza sexual, p.ex., é dada ao ser humano, para sua satisfação e para que possa continuar a procriação da raça (Gn 1.26-28), de acordo com o propósito Divino. O cientista moderno concorda com este ensino Bíblico sobre o corpo do ser humano. Todavia, o Antigo Testamento vai além da ciência física, e ensina claramente que o pecado tem a sua origem na vontade do ser humano, na sua revolta contra a vontade de Deus. Um conceito de pecado que se apresenta no Antigo Testamento é a perda do alvo Divino para qualquer pessoa, a disposição ou o procedimento que despreza a dignidade, ou o propósito de Deus para a sua vida. A universalidade e o poder destruidor do pecado são plenamente reconhecidos. o Antigo Testamento também reconhece que há no espírito do ser humano impulsos bons e maus, e que ele tem a capacidade de escolher entre eles. Enquanto não se encontra no Antigo Testamento o ensino da depravação total do ser humano no sentimento absoluto, a influência corruptora do pecado é sempre reconhecida. Todos os atos pecaminosos são anormais, porque operam contra as influências positivas da vida. O ser humano justo é reto, o pecaminoso é torcido. O pecado é destruidor, é doença que na sua plena força mata o ser humano. É a violação de qualquer contrato, ou o repúdio de qualquer responsabilidade pessoal, porque a vida é sustentada e protegida pelo cumprimento das obrigações morais em todas as relações humanas, dentro da família e da sociedade em geral. O pecado opera contra os esforços daqueles que protegem a comunidade e trabalham a favor dos interesses e do bem-estar da sociedade em geral. A representação bíblica da realidade, da gravidade, do poder destruidor do pecado, em todas as formas criminosas de pressão, crueldade e injustiça nas relações sociais, econômicas, políticas, e até nas relações internacionais que resultam nas guerras, no genocídio, na fome e na miséria, são fatos teríveis das experiências amargas de todos os povos do mundo. Mas a mais lastimável de todas as conseqüências do pecado é que separa o ser humano da presença do seu Criador e Senhor da sua vida. 

13.4. A ESPERANÇA ETERNA   

Através do Antigo Testamento o ser humano é reconhecido como criatura de Deus, capaz de arrepender-se dos pecados praticados, e aceitar voluntariamente a salvação que Deus, no Seu amor persistente lhe oferece de graça. Assim o ser humano pode conhecer a Deus, e submeter-se a Ele no amor e serviço, desfrutando eternamente das ricas bênçãos desta comunhão espiritual com o Senhor. Os escritores do Antigo Testamento, com os seus profundos conhecimentos do poder e das conseqüências do pecado, nunca perderam a esperança de que o Senhor, Criador justo, nos infinitos recursos do Seu amor persistente e imutável, havia de estabelecer finalmente o Seu reino vitorioso, apesar de todas as forças dos inimigos da justiça Divina.

 

CONCLUSÃO   

Concluimos que o estudo da teologia do Antigo Testamento é fundamental para o conhecimento de todas as pessoas que queiram saber qual é a verdadeira história da humanidade, e também conhecer um pouco da história do povo de Israel. Constatamos neste estudo que a verdade teológica bíblica, está estabelecida acima das teorias filosóficas insustentáveis, e assim, é digna de confiança...

 

Fonte: A. R. Crabtree - Teologia do Antigo Testamento, JUERP, 2ª edição, 1977, grifo nosso.